29.10.06

E agora, Platão?

Projeto de monografia RECUSADO pelo professor... Se até Nietzsche foi incompreedido, por que não eu? Se bem que Nietzsche falava muita besteira... Fica no blog a minha tentiva frustrada...


"O Pensamento Como Ação Através da Linguagem em Platão"

Este trabalho procura estabelecer a relação entre pensamento e mundo em si através da ação que é a linguagem e demonstrar elementos dentro dos diálogos Crátilo e O Sofista que coloquem justamente esse ponto como essencial para o compreendimento do mundo e que essa ação deve ao mesmo tempo de forma dialética jogar-se sempre para fora de si mesma a ponto de tocar o máximo possível as essências contidas em cada elemento dele.
Os diálogos platônicos O Sofista e Crátilo trabalham com a relação entre a linguagem e as coisas. O mundo é algo que está à parte do pensamento, sendo que os conceitos, as essências de cada coisa do mundo não dependem dele, mas são em si. O pensamento não seria uma ação no mundo, pois não aparece nele de forma concreta, portanto o pensamento precisa aparecer como ação que é a linguagem, para que ao recortar o mundo possa constituir-se numa imagem do mesmo que é adotada por nós para poder compreende-lo.
Para Platão, o lugar central que cabe à linguagem é negativo pela dependência das idéias a ela, constituindo de um problema que deve ser resolvido. Tentar anular os efeitos da linguagem é a proposta de Platão. O problema nesse momento está em transformar a contemplação da idéia em linguagem e aproximar o máximo possível essa linguagem do mundo seguindo o movimento dialético para fora da própria linguagem.
Ora, a relação que há entre o pensamento e o mundo está puramente relacionada à ação que é por sua vez a linguagem. A ação, ou linguagem é o movimento necessário para que o pensamento possa tocar as coisas. A essência das coisas é algo que não pode ser tocado puramente por essa ação, pois as essências são imutáveis e logo, negam o movimento. Parmênides dizia que o movimento não existe, uma vez que o ser é uno e imutável e o problema encontrado por Platão está em demonstrar como essa ação, esse movimento na verdade se encaixa dentro do ser. Está em conseguir transformar essa ação lingüística em algo que toque o imutável e permaneça nele, estabelecendo a ligação mais tênue possível entre os dois. Ao tocar o imutável, o não-movimento, a linguagem deixa de ser a própria ação e passa a ser a imagem, negando seu caráter inicial de movimento.
O diálogo Crátilo é o fundador da questão da linguagem, onde esse problema aparece frente à pergunta acerca do que é convencional e o que é natural entre os nomes. Qual é então a relação estabelecida entre linguagem e mundo? Essa primeira forma de montar o problema já nos traz a concepção de linguagem fora do mundo e como uma imagem dele. O problema da linguagem e essa aproximação do mundo, procurando estabelecer-se como uma imagem mais próxima possível dele está fundado na busca da própria verdade, na própria compreensão do mundo. A preocupação aqui está em determinar exatamente o que é falso e o que é verdadeiro e se é possível dizer aquilo que não reflete de fato o mundo, ou seja, aquilo que é falso. Para que a linguagem possa falar do mundo, é necessário que ela possua a mesma estrutura do mundo, caso contrário tudo o que eu digo não teria significado. Se a linguagem não possui a estrutura do mundo, ela sequer pode discutir o que é verdade. Nesse primeiro momento a linguagem é entendida em Crátilo como a relação entre os nomes e as relações estipuladas a esses nomes no mundo.
Sócrates consegue achar um intermediário entre o natural e o convencional em cada nome ao afirmar que de fato os nomes carregam necessariamente esses dois elementos. Os nomes para serem verdadeiros e não expressarem algo que não é sobre as coisas, precisam dizer o mais fielmente possível aquilo que é de natureza de cada objeto do mundo e ao mesmo tempo a parte que cabe a convenção de cada nome está na escolha dos sons e fonemas que vão representar aquela natureza do objeto nomeado. Está estabelecida nessa necessidade dos nomes conterem ao mesmo tempo esses dois elementos, os dois lados da relação entre pensamento e mundo, onde a natureza está no próprio mundo e a convenção está no pensamento. Sem esses dois aspectos não seria possível a existência da linguagem.
Mas a questão do movimento enquanto linguagem ainda não estava bem representada apenas nessa redução da linguagem ao nome. No Sofista, Platão abandona essa concepção e passa a pensar a proposição.
O Sofista apresenta a própria teoria das idéias de uma forma muito mais elaborada e sustentável em relação ao Crátilo. O exercício da dialética está apresentado nesse diálogo através das definições do que é o sofista.
Nesse diálogo estão colocados dois paradoxos:

1º) Formulação do paradoxo do falso - A tese sobre o ser de Parmênides diz que o ser é, o não ser não é e não se pode falar. Dizer o verdadeiro é dizer o que é e dizer o falso é seu oposto, por outro lado o discurso falso tem um significado, mas ele não corresponde a um fato e isso implica em não possuir um significado, logo, dizer o falso é dizer o não ser e sobre o não ser não se pode falar. Não existe discurso falso.

2º) Formulação do paradoxo da predicação – Dizer que uma coisa é uma para em seguida dizer que é múltipla. Digo que o carro é azul, mas como é possível dizer que o carro é aquilo que não é uma vez que carro é carro e azul é azul? Isso quer dizer que o ser do carro é outra coisa. O predicado não diz o que é ao contrário do nome.

O paradoxo da predicação é explicado por Sócrates ao se estabelecer uma hierarquia dos gêneros, onde a relação entre os diferentes nomes está na sua predicação uns em relação aos outros. Dessa forma não poderia dizer que o azul é carro, pois existe uma hierarquia onde o nome carro está em um ponto mais particular em relação ao nome azul que ocupa um ponto mais geral. Isso demonstra as diferentes possibilidades dos nomes de predicarem outros nomes, ou seja, a palavra azul pode predicar mais nomes e estabelecer uma relação mais ampla dentro de todo o conjunto do ser em relação ao nome carro que está dentro do conjunto de predicações do azul.
Dizer o ser é dizer os gêneros dos quais participa o objeto e dizer a essência é encontrar o único gênero pertencente a esse objeto. Com esse sistema, podemos perceber que o que diz que é o particular é o geral. O geral antecede o particular, pois ele só é a partir de conceitos universais. Esse é o ponto básico do platonismo, onde ocorre a inversão do particular, submetendo-o ao universal. Resolve-se aqui o paradoxo da predicação estabelecendo essa relação de hierarquia entre as diferentes predicações.
Sobre o primeiro paradoxo, Sócrates encontra sua resolução ao afirmar no Sofista que é o falso nada mais é que a predicação errada de algum nome, onde esse falso ainda assim está situado no próprio domínio do ser. A possibilidade de falso e verdadeiro existe apenas dentro da relação ou predicação que diz a relação uma vez que ela é elemento da linguagem. Finalmente a linguagem é colocada por Sócrates como a ação em forma de discurso, onde o nome apenas não indica ação, mas sim a relação entre predicados e sujeitos.
Na verdade Sócrates afirma não existir uma diferença entre o pensamento e o discurso, pois pensar é discursar silenciosamente para si mesmo. Todo pensamento pressupõe a linguagem, pois este se faz linguagem para aparecer no mundo. Fora dessa interiorização e exteriorização em relação a nós esses dois elementos são a mesma coisa.
Finalmente o movimento estava representado enquanto linguagem e encaixando-se dentro do ser imutável parmenidiano. Estava provado como o não-movimento absoluto poderia conter em si o seu próprio oposto através da hierarquia dos gêneros. A ação é a linguagem que existe através das proposições que consistem na predicação dos nomes, dando origem ao discurso que é o pensamento exteriorizado e transformado na própria ação.
O movimento dialético onde o pensamento que não é o mundo toca esse mundo através da negação de caráter interiorizado para convertê-lo em caráter exteriorizado é a ação que traz o compreendimento do mundo. Esse compreendimento não chega a tocar o mundo de forma pura, pois ao contrário, caso a linguagem deixasse de ser uma imagem do mundo, ela seria o próprio mundo de forma que não haveria distinção entre um e outro, ou seja, não haveria distinção entre o movimento ou ação e o seu oposto. Voltamos ao Crátilo, onde os nomes devem de fato possuir o que é convencional e o que é natural, pois se fosse apenas natural, não se diferenciaria do mundo e se fosse apenas convencional não existiria o falso, já que dependeria apenas da pura convenção de significados.
O Sofista deu o caráter de ação ao nome quando mostrou a necessidade de haver uma relação entre eles através das predicações. Em todo o momento podemos observar como existe a necessidade da ação para que possa haver o movimento da busca pela verdade. Como já foi dito, o problema da linguagem é essa aproximação do mundo, procurando estabelecer-se como uma imagem mais próxima possível dele está fundado na busca da própria verdade, na própria compreensão do mundo. Sem a ação o pensamento não pode estabelecer sua relação com o mundo e dessa forma não pode saber o que é falso e o que é verdadeiro. É esse movimento que nos joga para a verdade, mantendo-nos para a linha tênue existente entre o pensamento e o mundo em si.



Bom, já superei e comecei outra monografia. Desistir jamais... Hehehehe...

1.10.06

Construa o abstrato

A cidadania se faz necessária! A cidadania se faz urgente! Não é necessário comprar manuais ou pesquisar sabedorias avançadas! A cidadania se faz enlouquecedora quando conhecida. E nesse estado de enlouquecimento você se conhece e se observa imerso na ideologia densa e angustiante. Tome-se e observe o que de fato te pertence. Cuspa o agente limitador e ilimite a vida.
A cidadania não se faz na ajuda financeira e nem na aceitação de uma verdade que é em si fechada. A cidadania não é o câncer social que impreguina povos e mentes. Não queremos as massas, pois essas partem do rebanho. Não somos rebanho. Somos o ilimitado, somos o poder político enquanto negação de todos os grilhões desse mundo hierárquico e canceroso. A cidadania é o poder. É o agente histórico em perfeita consciência de si e para si.
Não nos fechemos nas ideologias do inimigo para destruí-las e só então construirmos o novo. Façamos do homem o reflexo da história e façamos da história a vida que resplandece a razão.

Vamos abstrair para construir, vamos negar a massa densa e doente da sociedade, vamos compreender o leve pensar da existência e viver o amor. A cidadania é o amor pela sociedade e a escolha daquilo que reflete nosso mais íntimo desejo do ser. Construiremos o abstrato, construiremos a vida política tomando-a para todos. Tiremos essa política das mãos de mentirosos e ignorantes, seres densos como o pó. Não mais admitamos a mentira, não mais admitamos a maldição.

Aja! Faça o que lhe cabe! Apenas aja! No seu trabalho, na escola, no bairro, com seu íntimo e com seu espírito! Faça o que lhe cabe da forma que souber. Semeie o bem, lute pela justiça, lute pelo bem social e faça-o! Não admita a maldade e nem o prejuízo do todo social. Lute com sabedoria, lute com amor! Amor inclusive pelo inimigo, pois esse, recebe esse nome de forma política e apenas por questão de elucidação do momento. O inimigo na verdade é você frente ao espelho, frente ao eu. O inimigo em si não existe, mas apenas o objeto de sua cidadania. A cidadania nesse momento se faz como o agente construtor do abstrato.

Esse é o meio! Ame! Construa! O abstrato é urgente em meio à matéria sufocante! O pensamento aguarda seu momento e a matéria implora desesperadamente um pouco mais de tempo, mas o tempo é sua droga, é seu alucinógeno... O tempo traz em si a sua própria morte e a matéria, presa à morte, torna-se lembrança do abstrato.
A cidadania clama! Não espere que façam por você. Faça junto! Chame a todos! A festa está acontecendo e precisa de muitos convidados. A vida pede sua autonomia para se fazer presente. Ajude, opine e transforme o mundo. Não se envergonhe e não pense que existe um único caminho, pois todos eles levam à Verdade. Até mesmo os piores e mais longos.

13.9.06

VOTE NULO!!!


Olhe à sua volta e diga: existe motivo real para tanta miséria? Há realmente a necessidade de engolir eternamente o pensamento de que o Brasil é o “país do futuro?”. A miséria está por toda parte e tudo parece muito confuso quando se observa um país com grandes recursos naturais.
Fazemos parte de uma colônia econômica, somos explorados pelas grandes potências e rezamos a cartilha desses mesmos que nos roubam e humilham. Quando as coisas fogem do controle, quando tudo parece ir errado a quem você culpa? Quem neste exato momento recebeu toda sua confiança para te representar junto aos poderes da República? Sim, os famigerados políticos! Logo, a culpa é da administração!
Vivemos nesse estado que legitima o saque por parte desses governantes aos recursos que pertencem democraticamente ao seu povo. O que existe de fato não é um cenário democrático, mas uma ditadura disfarçada pelos três poderes de Brasília.
São anos de “ditadura democrática”, são anos de flagelo. Entra eleição, sai eleição e o cenário é sempre o mesmo. O estado legitima o ilegal, apóia o que nega o bem estar e desenvolvimento de seu povo. As eleições funcionam como o grande agente manipulador, pregando a participação popular em um jogo de cartas marcadas. Sim, você dá poder a quem não tem a mínima intenção de mudar essa ideologia.
A direita já teve sua festa, a esquerda percebeu ser impossível mudar as coisas através desse jogo sujo e sucumbiu perante a farsa democrática! Os governantes e aspirantes a tal não falam em nosso nome e Brasília não atende ao nosso chamado, portanto é hora de dar um basta ao que nega sua felicidade e bem estar.
É hora de negar o processo eleitoral tal como existe e fazer o que os governantes e a mídia mais temem: VOTE NULO! Vamos trazer à tona toda a autonomia que eles pensam terem tirado de nós, acabando com a festa dessa minoria que se arrasta há tanto tempo nessa “república dos picaretas!”. Negue o que te nega e reivindique o país que nunca te pertenceu de fato!

Há os que digam que votar nulo é jogar seu voto no lixo, mas para mim votar nulo é valorizar meu voto a ponto de não entregá-lo a mentirosos... É compreender que política é a ação social que visa um bem geral e que isso não se restringe a essas senhoras e senhores de Brasília, mas sim a cada cidadão consciente e ativo!

VOTE NULO!

10.9.06

Triste Materialista!

Olhe à sua volta triste materialista! Por que diabos você luta? Não há vida após essa, não há céu além daquele que termina no horizonte? Então para que lutar? Para que o sangue de uma causa? Para que a esperança? Se a vida é só uma nesse mundo perecível, então por que lutar pelas próximas gerações? Aproveite a única vida que você possui! Viva, oras!
O materialista critica a Deus, mas não percebe que lutando, coloca-se no lugar de um mártir ao admitir que só possui essa vida e a utiliza para lutar pelo mundo, pelo futuro. Um Cristo tardio! Mas o seu futuro não te pertence, materialista solitário. Ele sequer existe! Que agonia ao admitir sua impotência perante a morte e que mundo injusto e demasiado material te faz mergulhar na angústia de lutar sem horizonte para acalmar teu tédio perante a falta de esperança!
O materialista se une a tudo que é perecível, a tudo que degenera e desaparece. O materialista esquece que não é uma causa, que não é um fim em si mesmo. O materialista se limita ao limitado e perece junto à carne. Não considera que seu pensamento, seu espírito que é a única coisa que possui de não perecível, continua após sua morte. A matéria é um meio de atingir a compreensão do que é o imaterial e imperecível. Na dialética Divina a negação da matéria é a redenção do pensamento e sua eternidade.
Como pode a Verdade possuir tão funesto sentido? Como pode a existência ser tão vã? Seria o materialista um simplório? De fato sua filosofia não se compromete com o pensamento profundo e livre de grilhões.
A matéria sendo perecível e finita não possui meios de ser o farol do universo! Não se pode apegar o espírito a algo que o nega e foi criado para isso. A matéria é simplicidade no seu sentido mais descartável, é de fato a morte sem céu! O materialista encaixa-se dentro da metafísica que tanto rejeita. O materialista afina-se com a carne e sua própria mente, o faz sentir como carne e compreender que a vida é a areia da ampulheta. Ele não tem forças para inverter a ordem de seu tempo, ele não encontra meios de resgatar sua origem e compreender que sua filosofia, essa sim é completamente vã!Felizmente sua redenção chegará como chega a todos. A Verdade mostrar-se-á cristalina como a matéria não pode ser e belamente digna de permanecer assim... Por toda a eternidade!

6.8.06

Causa, origem, natureza e verdade.

O universo é um efeito e a todo efeito devemos atribuir uma causa antecedente a ele. Essa causa nada mais é que a origem de todas as coisas e essa origem deve ser eterna e imutável. Se não fosse eterna, não seria a origem primária de nada, pois ela mesma teria uma origem e se fosse mutável, não carregaria em si a natureza de todas as coisas, não carregaria a ordem ou o cosmos que traz em si todas as leis naturais que regem todo o universo.
A causa das coisas é dessa forma, a verdade. Chamemos assim a origem de todas as coisas. A verdade absoluta que gerou tudo o que observamos a nossa volta e também tudo o que apenas nosso pensamento pode tocar. A verdade! Podemos dizer que tudo o que vai contra a verdade é nada mais que a negação da mesma. A negação da verdade: a mentira!
A verdade, que tomamos como origem é também a natureza de tudo. Tudo no universo segue a natureza primária e organizacional que é a verdade. Ora, tudo o que vai contra essa natureza também está negando a verdade. Logo, tudo o que vai contra a natureza está trazendo em si a mentira, a negação da verdade, a antinatureza.
Entramos aqui em um terreno perigoso. Tudo o que vai contra a natureza acaba sofrendo as conseqüências de tal ato. Coloque uma garrafa de vidro com água no congelador e observe o resultado: a água vai congelar e consequentemente a garrafa de vidro se partirá! A garrafa sofreu a consequência da ação de tentar prender o gelo. É natural que a água expanda-se ao passar para o estado sólido e isso de fato é uma lei natural, é algo que sempre aconteceu e sempre vai acontecer. É da natureza! A garrafa sofreu expiação ao tentar barrar essa expansão. Ela se quebrou.
Pois no universo, tanto nas leis físicas quanto metafísicas as coisas funcionam dessa forma. Tudo o que vai contra a natureza sofre expiação pelos seus atos. Ao acabar com uma espécie de animal ocorre o desequilíbrio na cadeia alimentar onde essa espécie estava inserida, ao aquecer o planeta, as calotas polares acabam derretendo-se e causando desequilíbrios catastróficos a curto e longo prazo para a humanidade. Tudo o que fere a ordem natural das coisas sofre as conseqüências disso.
No homem, o seu próprio corpo e inconsciente traz em si essa ordem natural e cobra do consciente, da inteligência, o cumprimento dessas leis naturais. Tudo o que for contra acaba prejudicando o equilíbrio vital do próprio corpo humano. As doenças, os problemas psicológicos e os conflitos e desarmonias na própria sociedade expressam o quanto o homem vai contra a ordem e a natureza das coisas.
Chegou a hora de entender afinal o que é essa natureza que de forma tão efetiva atua no seu efeito, na sua criação: o universo. Seria essa natureza algo criado através do acaso? Teria essa natureza um mecanismo tão perfeito sem atender a uma inteligência? Como afinal a causa, o princípio, a origem, a verdade de todas as coisas, a racionalidade cósmica e natural de todo um sistema poderia fundar-se no nada, no ininteligível? Somos obrigados a racionalmente entender que a origem a que nos preocupamos em descrever até o momento trata-se de uma inteligência superior. Superior porque conhece de fato todo o processo de criação e funcionamento de seu próprio sistema e tudo o que nele existe. O homem por acaso conhece toda essa natureza? De fato não! Logo, essa inteligência criadora nada mais é que uma inteligência superior. Chamemos tal inteligência nesse momento de Deus!

A Verdade não se impõe

Não, você não vive em uma “ditadura divina” e não, Deus não expressa a fraqueza e a necessidade do ser humano acreditar em “coisas invisíveis” para se esconder de si mesmo.
Voltemos a mudar os termos. Deus é causa, origem, natureza e verdade. Vamos usar a verdade para melhor entender o raciocínio. Verdade! Como vimos tudo o que foge da verdade está a negando e por isso é uma coisa falsa, uma mentira. Muitos alegam que Deus se existir, consiste em um tirano ou alguém que permanece alheio aos problemas humanos e que ainda por cima, impõe suas leis sem respeito à própria capacidade humana de pensar e de decidir. Erro sistemático! Não estamos em nenhum sistema de imposição de leis naturais, pois essas leis seguem uma natureza, que como vimos, origina-se em uma causa primária, que consequentemente é a verdade. A verdade, por sua vez, não se impõe, não tem essa necessidade. A verdade é verdade por si mesma. Ela é de fato autêntica e não precisa de nenhuma força para se afirmar. A verdade não torna o homem fraco e nem afirma sua fraqueza. Nós fazemos parte da criação e da ordem natural das coisas, mas temos uma coisa chamada livre-arbítrio, onde nosso consciente e inteligência antes de expressarem-se em ações, identificam ou não essa natureza. A criação nos proporcionou esse privilégio e não apenas o agir dentro de um instinto animal. Seria muito mais fácil seguir um instinto, mas Deus, ao permitir que o homem pudesse escolher, deu-lhe força e condição para subir na sua escala rumo ao conhecimento e compreendimento da verdadeira natureza do universo e suas leis. Isso em momento algum se parece com a afirmação de que o homem é fraco ou incapaz. Esse pensamento expressa apenas que o homem ainda não atingiu esse compreendimento da sua verdadeira origem.O homem não deve utilizar Deus como uma fuga para seus problemas. O homem deve utilizar Deus como fonte de conhecimento. Deus é a verdade e a verdade é a afirmação máxima da racionalidade e conhecimento. E não é isso que buscamos? Em mais de três mil anos os filósofos procuram a origem das coisas, a verdade. Essa verdade aqui foi exposta, mas descobri-la não significa a priori compreendê-la. Essa verdade deve ser buscada e tudo o que a segue deve ser compreendido e colocado na vida, assim como qualquer filosofia necessita para de fato para existir em nossas vidas. Deus existe sim e independente de nós, mas ainda não existe de fato em nossas vidas. Observe o mundo e diga-me: onde está a verdade em meio a esse caos? Estamos indo contra ela e as expiações falam por si mesmas...

31.7.06

Volte para si!

Pai libanês carregando filha morta após ataque israelense.
Fuja de si, vamos. Vá pra bem longe daí! Procure sua paz onde ela nunca poderá estar. Apóie-se no seu dinheiro, na sua bandeira, na sua ideologia. Busque a causa dos seus problemas a quilômetros de distância do seu nariz e corra, corra, pois, quem sabe você ainda terá tempo de voltar.
Um Deus que se parece com você pra te levar às maiores atrocidades que um livro sagrado pode citar, um governante imperialista que precisa de muito, muito petróleo para fazer a economia de seu país andar direito, alguns “inocentes” aos quais o estado chama de civis... Misture tudo e apresente através de jornais sensacionalistas o que o mundo inteiro está assistindo: um conflito de dimensões políticas, econômicas e religiosas.
Fuja, continue fugindo... Siga o coelho branco até o fundo de sua toca. Você vai chegar no pior que sua existência material pode te proporcionar, você vai sentir que errou, errou e errou o tempo todo, mas o coelho é bom. Ele vai te mostrar a verdade e nessa verdade você vai perceber que precisa voltar, mas já está bem longe. É hora de voltar... É hora de voltar para si.
Esqueça os valores superficiais, esqueça seu Deus mesquinho e encontre o verdadeiro, o que te valoriza e te mostra diante de um espelho, diante do seu ego imenso e da força que você possui para superá-lo. Não espere que Ele te dê respostas, não espere que Ele te salve, pois apenas você pode fazer isso ao compreendê-lO.
Aceite-se como ser humano e aceite seu próximo como humano. Entenda que aquilo que de fato é bom para você, com certeza será bom para o seu semelhante, mas calma. Você não deve esquecer que ainda mal sabe o que de fato é bom para você.
Moramos em um mundo que tem exemplos brutais de violência e injustiças com os seres humanos. Guerras, conflitos, loucuras legitimadas pelos poderosos... Você acha que não tem culpa disso? Você acha que está isento? O macro parte do micro... As relações afirmadas na base da sociedade fazem com que todo o cosmos terrestre das relações humanas apresente o caos assistido todos os dias ou a paz desejada, mas nem de longe praticada.
Volte, volte para si nesse momento. Não colha os frutos de seu egoísmo, não colha mortos. Esses mortos já não podem mais voltar por hora, mas você deve erguer sua cabeça e lutar. Não reclame, trabalhe. Um trabalho que vai muito além de qualquer conceito que talvez você ainda possa ter. Plante o amor, distribua esse sentimento sem nada pedir em troca. Ajude, ampare, doe-se para ter-se. Faça-o por você, pelo seu próximo, pela vida. Assim o encontro será incrível! A única guerra que de fato vale a pena e que será feita de amor é a guerra de si mesmo. O triunfo é certo!

26.7.06

Meu Sonho Acordado

Sonho em ser alguém. Sonho em ser alguém que não conheço. Sonho em ser alguém mais humano, mais justo, mais consciente de si. Sonho como um marxista que sonha com a revolução, como um pacifista sonha com a paz, como um sem-terra sonha com seu chão. Antes de tudo isso sonho em ser melhor. Sonho em poder dominar meu próprio ego, passar por cima de minhas imperfeições. Não, não sonho em ser perfeito, pois nem sei o que é ser perfeito. Sonho em conviver com meus erros que são inevitáveis, em não me punir através de meu inconsciente. Inconsciente... Sonho com o momento em que meu consciente renove meu inconsciente. Sonho em ser bom!
Sonho primeiramente em me reformar e desenvolver meu auto-amor, pois sei que antes de qualquer mudança no meu meio, no mundo em que estou inserido, devo mudar a mim. Não posso saber o que é de fato bom para o meu semelhante sem ao menos saber o que é bom para mim.
Eu tinha Deus como alguém que nos enfraquecia e nos impedia de pensar, de ser por nós mesmos. Alguém que impunha suas leis em detrimento de suas criações. Grande engano... Como filósofo acredito que existe uma Verdade absoluta, eterna, imutável e que todas as outras explicações acerca de nosso universo surgem dela. Pois bem. Hoje acredito que essa Verdade é Deus. E que se de fato eu for contra essa verdade estarei imerso no equívoco, no erro filosófico. Deus não nos faz fracos e nem nos impõe nada. Ele acredita na nossa capacidade e nos dá o livre arbítrio para decidirmos através de nosso próprio discernimento. Ele não nos castiga por não o seguirmos, ele não nos puxa para o seu lado. Deus respeita nossas escolhas e com muito pesar assiste às conseqüências geradas por nossos atos, sejam eles bons ou ruins.
Eu sou fraco sim, mas graças à oportunidade que me foi dada nessa vida me tornarei forte. Serei tudo aquilo que sonho ser. Devo isso à Verdade que encontrei, sem imposições, dogmatismos ou ideologias que apenas prendem a si mesmas. Minha fé deve ser racional e ter como base o amor e não o medo, minha fé deve ser transformadora e encontrar na minha filosofia a lógica e a racionalidade que tanto busco em minha vida.
O eu desconhecido vai se revelar e espero que junto com ele muitos outros eus talvez ainda utópicos revelem-se para meus semelhantes. Quero que o “conheça-te a ti mesmo” vire uma epidemia, que entre nos corações e mentes de toda a humanidade, transformando esse planeta num lugar seguro e digno. Eu quero e vou trabalhar para isso. Não só para mim, mas para todos que eu puder. Estou longe, muito longe disso, mas a emoção que me toma ao escrever esse texto me dá esperanças de que vou conseguir. Se não agora, talvez daqui a cem anos, se não daqui a cem anos terei mais duzentos, quinhentos, mil! Vou chamar Deus de Verdade, pois essa palavra me fascina. E agradeço a essa Verdade por me dar oportunidade de mudar sempre, sempre... Uma verdadeira metamorfose ambulante, como já dizia Raul Seixas. Mudar no bom sentido é entender sua própria experiência em relação ao mundo e absorver dela tudo o que for melhor para sua existência; a existência autêntica de Heidegger ou o ser por si de Hegel. O individualismo que defendo encontra um porquê maior de ser. Eu mudo, eu crio, eu reformo e creio que nesse ponto revolução e reforma podem casar-se perfeitamente. Sobre isso talvez nem Marx e seu materialismo poderiam ir contra, pois o eu reformado e conscientizado por si e em conjunto com muitos outros são capazes de revolucionar o mundo. Só que com respeito ao semelhante e sem ao menos derramar uma única gota de sangue em nome de uma só coisa que de fato realmente importa: a Verdade!

Eesse blog muda junto comigo. Pra melhor... Sempre!

12.7.06

Até que se prove o contrário...

Acabei de assistir ao filme Edukators, interessante longa-metragem alemão. Ele não nos dá fórmulas pra revolução, não nos direciona a nada... Apenas exprime a angústia, indecisão e dúvida que é viver tendo conhecimento desse grande absurdo em que vivemos. Sim, o capitalismo ainda é o grande astro desse blog. Gostaria de coração que não fosse! Lá vão as linhas inspiradas pelo filme...

O aperto que se segue em meu peito é absurdo... Talvez pelo fato de ser causado por coisas absurdas. A vida que levamos é absurda, os sentimentos confusos e misturados em nossas mentes são absurdos, a rotina parece absurda. De perto ninguém é normal, muito menos eu, muito menos a sociedade, o sistema, o estado, a ordem das coisas...
Não espere entender o que estou dizendo, isso não soa como um dos textos corriqueiros, não soa como uma imitação safada de Clarice Lispector. Isso simplesmente nasce do absurdo, e constitui-se como um absurdo que é meu pensamento.
Carros, casas, celulares, computadores, internet, TV, famílias, revistas de comportamento semanais, jornais, igrejas, rádios, outdoors... Tudo parece seguir uma lógica nefasta, esquelética, mórbida... Absurda! As pessoas andam pelas ruas como zumbis, correm para seus ônibus, trens, ultrapassam sinais vermelhos, pagam multas, comem porcarias socadas em tupperwares surrados, aquecidos em “banhos-maria” ridículos, pagam impostos, divorciam-se, registram seus filhos. E onde está a vida disso tudo? Onde está a sanidade em desejar que seu chefe esteja morto, que a empresa que te paga um salário de merda exploda, que o “desgraçado que te empurrou no trem lotado se foda”? Onde está? Eu só vejo o absurdo...
Os finais de semana parecem esmolas, funcionam como antidepressivos na mente de trabalhadores infelizes que sentem uma angústia corriqueira no domingo à noite... O Fantástico, os gols da rodada, uma última olhada no trinco da porta antes de apagar as luzes e ir dormir e acordar e servir ao senhor Capital Todo Poderoso, em nome dO Pai, dO Filho... Amén!
O absurdo me transformou nessa toupeira chorona, nesse filósofo-escritor-de-meias-verdades-sem-eira-nem-beira, me sequelou como um derrame, como um acidente de trânsito. Acordei desse absurdo e o observo de fora, mas em muitos momentos percebo ainda estar imerso nele, vivendo seus princípios, respirando seus gases. Tornei-me egoísta em muitos momentos, pré-conceituoso em outros, amargurado, desanimado, sem medo... Talvez um dos grandes absurdos em mim seja esse... Perdi o medo de estragar minha vida. Talvez porque já não saiba mais o que seja exatamente viver nesse grande absurdo, já que o que se pensa viver seja apenas o que vejo a minha volta: uma mentira sem tamanho! Mas que absurdo!
Entrego-me aos que dizem que somos produtos de nosso tempo, de nosso sistema, regime, sociedade... O que impera é nada mais do que o absurdo e o que digo aqui, o que sinto, o que me faz por muitas vezes chorar em silêncio no ir e vir do cotidiano fúnebre em que emergimos é nada mais do que um absurdo produzido por ele mesmo. Pois não diga que não é sem me provar que existe alguma forma pensada de libertação disso tudo sem parecer absurda, seja para as mentes adormecidas ou mesmo para quem sonha com essa liberdade tão distante.Vivemos do absurdo, sonhamos o absurdo na espera de que ele não exista mais. Mais um absurdo, diga-se de passagem... Até que se prove o contrário!

5.7.06

O Eu e O Outro...

Me inspirei na Sra. Lispector para escrever isso. Ela foi um ser iluminado em sua forma de escrever e expressar o humano. Inspiração... E o que mais devemos buscar nos artistas? Apenas isso...
O personagem desse pequeno texto é você que aí está lendo isso! O que vai querer? Jogar-se no abismo de si? Ou continuar a ser o outro?


Vejo-me através das coisas... Vejo-me... Vejo-me? Sou um reflexo das coisas em mim, sou a bandeira deflagrando a minha inumanidade.
Vejo-me através das coisas... Vejo-me no celular, no carro, na roupa, na TV, no DVD, no computador, no perfil expresso em um site de relacionamentos. Vejo-me no outro... Eu não olho para mim porque o que verei não será fácil de entender ou digerir. Eu sou indigesto. As coisas são feitas sob uma necessidade e um compromisso enorme de serem perfeitas para poderem me refletir da forma que desejo. Vejo-me assim... Por trás da foto tirada pela câmera digital, da lataria brilhante e som potente que fazem parte do meu carro que corre, corre, corre... Para onde? Para bem longe de mim. O meu mundo é o seu mundo porque eu sou o que você quiser que eu seja. Eu faço as coisas, mas não me enxergo como autor delas. Vejo-me nelas como alguém que se espelha em um deus qualquer... Não me olho no espelho real e não me encaro. Escondo-me na rotina do emprego, das contas, do salário (também indigesto), do chefe, do trânsito, da happy-hour, do garoto pedindo um trocado no farol... Renasço! Renasço todos os dias nas coisas e nas suas formas. Formas que passo a ter como um molde, como uma matéria disforme procurando algo para ser. Me torno então uma coisa e assim permaneço. É mais fácil e mais seguro. É direito! A vida? Não me importa vivê-la... Sou uma coisa e nela permaneço para ser usado juntamente a você para que possamos continuar criando essas formas, onde a coexistência de mim com o mundo anula-se e torna-se apenas uma existência no objeto, no definido, no perfeito que eu por mim apenas não posso ser. Eu sou incompleto e ao afirmá-lo, passo minha vida a me contradizer criando coisas perfeitas que saem de mim mesmo e me aprisionam, afinal de contas, vejo-me nas coisas e me apoio nelas para não cair no abismo que sou EU!

17.6.06

Individualismo, Individualidade... Satisfaction?

É um esboço, um rascunho. Ainda há muito o que se dizer sobre isso, mas estudar e organizar idéias não é algo que se faça da noite para o dia. Por enquanto...

O universo está ao seu redor, a única pessoa que está fadada a conviver com você o resto de sua vida é você mesmo. Negar esse fato é negar sua própria vida e seu próprio ser.
Satisfação! O preenchimento de vazios em seu viver. Sartre já dizia que “o nada é uma ferida no coração do ser”.
O sofrimento do próximo te dói? Angustia-te? Faz-te sentir-se mal? Vamos iniciar uma viagem dentro de você e de seus sentimentos em relação ao mundo. Tudo parte do centro do seu umbigo, tudo existe ao seu redor como uma tentativa de um bem-estar e felicidade unicamente seus.

Pegue um santo, uma freira, um peregrino, alguns desses trabalhadores de projetos assistenciais. O que procuram? O bem-estar do próximo? De fato, mas essa não é a finalidade de suas ações. Satisfação! É isso que Madre Tereza buscava todos os dias ao abdicar de uma vida comum, é isso que o Papa faz todos os dias ao levantar, é isso que Chico Xavier recebia ao atuar no mundo, ao oferecer todo seu tempo a ajudar pessoas.
Essas personalidades, conhecidas pela sua entrega ao próximo apenas faziam essas coisas por um motivo: elas se sentiam bem por isso. O bem estar e satisfação ao ajudar o próximo os moviam dia após dia rumo aos seus trabalhos assistenciais. Se em algum momento isso incomodasse algum deles, ou causasse um mal estar, eles continuariam sua empreitada? Creio que não!

Até mesmo o maior sacrifício feito por um ser humano em prol de alguém ou alguma causa, é feito por proporcionar o mínimo de satisfação dentro de determinada situação. Estamos de fato inseridos em situações que são fatalidades. Um mundo desigual, uma família com alguém muito doente, aspirando cuidados. Você vai decidir. Cuidar da sua mãe doente ou deixá-la para trás? Ajudar o mundo a ser um lugar melhor ou viver sua vida como se nada acontecesse? Decisões! Você nunca escolheria a pior opção para você. Se te contrariasse ter que ajudar a sua mãe, mas mesmo assim você ajudasse, isso significaria que dentro dessa situação delicada você fez a opção que melhor te beneficiasse. Consciência limpa, talvez. E quanto a ajudar o mundo? Vai largar sua “vida” para defender alguma causa política, assistencialista ou religiosa? Satisfação. Dentro de um poço cheio de lagartos e cobras você escolhe por cortar os próprios pulsos ao ser comido vivo! Dos males o menor! Satisfação...

Essa série de situações vem para ilustrar a afirmação de que não importa o que você faça em sua vida, no mundo. Tudo desde tornar-se um santo a viver pensando apenas em si mesmo remete a um único fim: satisfação! Você de fato é um ser individualista e isso está intrínseco a você como a afirmação de que a única pessoa que está fadada a conviver com você o resto de sua vida é você mesmo.

O individualismo é exorcizado por aqueles que criticam a sociedade capitalista dita como individualista, mas nesse momento a questão não está em acabar com o individualismo. Isso seria a negação do seu próprio ser! A questão está em saber como esse individualismo humano está sendo canalizado e utilizado pela sociedade.


Ídolos, moda, dinheiro, concorrência de mercado. São palavras que se casam perfeitamente ao bem estar nos dias de hoje. Numa sociedade onde cada um deve achar seu lugar ao sol, o sentimento de INDIVIDUALIDADE é cada vez mais interiorizado pelas pessoas. Dar-se bem em uma entrevista de emprego, combater a empresa concorrente, ganhar mais que o outro, afimar-se dentro dessa selva. Individualidade é vista como afirmação de personalidade, um direito que deve ser respeitado pelo próximo. “Respeite minha individualidade”. Ser diferente, ser melhor... A moda e a mídia debruçam-se sobre esses preceitos. A ideologia dominante quer vestir o que se difere das classes inferiores, quer diferenciar-se delas. As classes dominadas absorvem a ideologia e procuram o mesmo. Procuram diferenciar-se de todos seja ganhando mais, tendo o melhor carro, a melhor casa, roupas diferentes, pensando diferente, agindo melhor e dizendo isso a todos.
Ìdolos! Os jovens, principalmente, procuram diferenciar-se através de seus ídolos. Ao identificar um ídolo na música, por exemplo, o jovem (que ainda não está tão preso a conceitos de como se deve vestir) procura igualar-se ao seu ídolo em suas roupas e atitudes. O jovem quer seu ídolo apenas para si! Não o divide com mais ninguém! Já teve um ídolo? Já quis que ele morasse dentro do seu armário para você poder pegá-lo sempre que quisesse? Isso quer dizer: TER UM ESTILO DE VESTIR, PENSAR E AGIR só seus. Um modelo que apenas você tem e não divide com mais ninguém. Só existe um porém: Ao sair na rua, a constatação é de que seu ídolo não é só seu. Ele foi adotado como modelo por muitos outros... Acalme-se. A mídia cria um a cada dia e é só pegar o próximo. O ciclo começa de novo e a frustração continua. Os modelos mudam com a idade, mas tem sempre o mesmo caráter: afirmar a individualidade!

A doença é essa. A individualidade afirma a “personalidade”, a “particularidade” de cada pessoa. Só que ao utilizar modelos comuns numa cultura de massas, seguir modas, lutar dentro de uma regra onde a luta é servir a este ou aquele bem material não tem nada a ver com essa “particularidade”. Sua satisfação, seu individualismo não está canalizado para saber de fato o que é bom para você, mas para transformá-lo muitas vezes numa vitrine que expõe um estilo, uma moda ou uma tendência.

O fato é que a interiorização da individualidade não existe, mas sim a sua exteriorização numa cultura de massas. Aí está a negação! Exteriorizar o que não pode ser exteriorizado. Ao curvar-se a pensamentos fabricados por uma minoria, as pessoas deixam de olhar para dentro de si mesmas e saber de fato o que é bom para elas. Conhecer a si mesmo é compreender que ser individualista não é o que prega o capitalismo e sua sociedade de consumo. Isso não é individualismo, mas sim individualidade. Ser individualista é simplesmente ser, é compreender que o que é bom para si mesmo de fato é bom para o seu próximo, é bom para a sociedade. Respeito e liberdade: todos querem isso, mas não os querem para os outros. Não se sabe de fato o que se está fazendo consigo mesmo, portanto que dirá com o universo ao seu redor.

21.5.06

Cai, não fica nada!

Existe um troço chamado democracia representativa: você vota nos caras que acha que devem representar os seus interesses... Após esse voto você passa toda a responsabilidade de suas ações pra esses representantes e vai seguir a sua vida. Você vai se ocupar do seu emprego, de ganhar dinheiro, torcer pelo seu time, comprar uma TV nova, uma calça nova, uma bolsa nova, comer uma mina nova, dar pro cara certo, no dia certo, na hora certa, no lugar certo, subir de cargo, beber o máximo que puder, correr o máximo que puder, mas de que? Para onde? Por que? Suas ações agora são essas... Você pensa pequeno, mas e onde ficou o cara que você elegeu a essa altura? Ah, você já fez a sua parte... Agora é com ele!

Existe um troço chamado ódio: você vive, trabalha, paga alguns impostos, não rouba, não mata, não cheira, não ouve rap, não fala gírias fora do eixo universitário. Você pára com seu lindo carro num farol e um moleque fedido e maltrapilho te aborda com algo que possa te machucar caso você não entregue o que ele quer, você está com a sua namorada numa quebrada em São Caetano, em São Bernardo, em São Paulo, em Florianópolis, em Itaquera, em Perus, em Osasco e de repente alguém bate no vidro, manda você descer pelado mesmo, sua namorada envergonhada. Seu carro tem chaves... Elas já não estão mais em suas mãos... Você tem ódio, você vê uma rebelião no presídio, assiste ao programa do Ratinho e o cara critica os direitos humanos por defender aqueles bandidos. “Tem que matar esses bandidos, tem que atear fogo neles... Marginais, marginais, marginais...” É isso mesmo!

Existe um troço chamado estado: ele te defende, te organiza, te ajuda a ser alguém, te diz o que tem de fazer, como fazer, te dá o xampu pra caspa, o creme pra rugas, a roupa legal, o celular que tira fotos, a cerveja nossa de cada dia, a lipoaspiração, o emprego, o giz, a lousa, os amigos, os políticos, o ódio, uma corporação corrupta e enganadora, seu anjo salvador. Ela te protege dos marginais malditos, te guarda. Anjo do inferno, amigo dos inimigos, administrador real do que te entorpece. Não há forma da onde ele enxerga, não há regra pra ele... Os bandidos, os velhos, os trabalhadores, os adolescentes, os emos, os grunges, os gays, os biólogos, os coloristas, os carros, os celulares, os clipes da MTV... O estado é Deus. Deus pertence a uma classe, Deus tem empresas e reúne-se na FIESP pra decidir o que cada um vai ser, comer, vestir, cheirar, beijar, olhar, ouvir, comprar, votar, odiar.

Existe um troço chamado crime organizado: sem baixar a cabeça, fazendo acordos com o estado, com o ódio, com a democracia representativa. Podem fazer o diabo... Matar policiais, matar civis, parar a cidade, parar o céu, parar o romance, o show, a MTV, a Globo, o petróleo, o tempo... Eles têm armas, eles sabem de muita coisa sobre o estado, querem o que te entorpece, o que te deixa com ódio, querem o que você vota, come, beija, cheira, veste, compra, trabalha... Se o crime não tiver o estado, ele perde sua referência marginalizada e sucumbe na pior crise existencial de uma classe.

Existe um troço que é... Você: olhando pra tudo isso, votando, com ódio, comprando, bebendo, beijando, comendo, trabalhando, casando, assistindo MTV, clipes, ouvindo funk, rock, axé, no carro, em casa, no estado... Seu amigo protetor que te dá o xampu, o creme, a mulher, o filho, a casa, a roupa, o amor, o dia, a noite, a internet, o divórcio, a MTV, a Globo, a moça do tempo, o Corinthians, o São Paulo, o campeonato espanhol, italiano, brasileiro, japonês... Você olha o crime: contra o estado, seu amigo, protetor, Deus que tudo dá! Você não escolheu isso, você votou, você fez o que devia, parou pra pensar nisso tudo por alguns dias antes das eleições, trabalhou, se fodeu, pagou impostos sem roubar, matar, cheirar, fumar, casado, divorciado, apaixonado, ficando, pegando, catando, trepando, rindo, se afirmando com ódio porque eles não têm esse direito, porque cada um que procure o seu caminho pequeno e solitário, porque você já colocou aquele cara lá, porque o estado diz que a polícia te defende e que o pobre pai da fulana morreu num tiroteio entre os marginais e a polícia que pertence ao estado que te ajuda, protege, veste, alimenta, decide, se você vai votar pra se livrar de se preocupar com os bandidos que são um refugo daquilo que ele produz pra te fazer viver, comer, cheirar, beijar, ouvir, sorrir, olhar, odiar, se indignar com o refugo do estado, que decidiu por você até a sua decisão de votar e esquecer de tudo, de permitir a produção do refugo porque você quer comer, comprar, consumir, trepar, cheirar, estudar, dormir, escrever textos idiotas pro blog, pro ORKUT, pra sua amada, pra sua mãe no dia dela, na madrugada onde o refugo pede pra ter os mesmos direitos de ser controlado e beber, comprar, amar, se casar e odiar o que vai contra o estado, que nesse momento é ele, que quer votar e esquecer e se livrar de tudo isso, que quer entrar nessa roda diabólica onde as pessoas ODEIAM O QUE ELAS AJUDAM A PRODUZIR E NEGAM ISSO ACEITANDO AQUILO QUE AS OMITE!


- Sobre a indignação alheia frente à violência desses dias, onde não existem mocinhos porque todos são culpados e coniventes. Todos têm suas mãos sujas de sangue, embora essa sujeira toda tenha ficado lá no começo do texto com alguém escolhido pra levar nossos pesadelos e medos para o mais longe possível daqui, onde não existam xampus, cerveja, o amor, o estado, o celular, a MTV e tudo aquilo que nos deixa adormecidos... Deitados eternamente... Em berço "esplêndido"!

19.4.06

O Individualismo Injustiçado...

Observe as coisas à sua volta... O cachorro deitado ao seu lado, a TV ligada, a cor das cortinas, suas roupas, tudo que está acontecendo na sua vida nesse instante. Agora pense por que você está neste exato momento observando e vivendo essa realidade à sua volta. Ela existe ao acaso? Destino? Circunstâncias? Não! A resposta é: tudo foi criado por você. Tudo o que está agora diante dos seus olhos foi colocado na sua vida por sua causa, por causa das decisões e atitudes que você tomou ao longo de um determinado período de tempo. Em outras palavras: a responsabilidade é toda sua...
A perda do verdadeiro conceito de liberdade foi uma grande sequela da sociedade superficial em que nos emergimos. A liberdade de existir e possuir total autonomia sobre sua vida foi suprimido pelo individualismo burguês. O conceito de liberdade dentro de um simples pensamento de concorrência econômica entre seres físicos e jurídicos levou o homem a imaginar o mundo apenas sobre essa perspectiva ideológico burguesa de existência, de relação com o mundo e com a vida.
Viver é reconhecer-se como agente da realidade, a liberdade de saber que você possui inúmeras possibilidades a escolher mesmo dentro de determinadas circunstâncias e limitações em que está em contato. Isso quer dizer que o homem em geral, pode optar dentro de qualquer realidade em que foi inserido. O poder de escolha sempre estará com o homem, ele está condenado a sempre ter escolhas, logo "está condenado a ser livre" (1).
Venho aqui, sem cair em contradição defender o individualismo, mas esse sem vínculo a uma classe, mas sim no seu sentido mais amplo. Em seu sentido não viciado, corrompido ou limitado. Falo da individualidade enquanto consciência da sua autonomia diante da vida e dos fenômenos à sua volta, os fatos que envolvem sua vida numa trama onde o artista criador não é ninguém divino ou sobrenatural, o artista criador é você!
O homem deve encontrar-se. "Mas esse encontrar-se é encontrar-se ocupado com alguma coisa no mundo... Ocupar-se é fazer isto ou aquilo - é, por exemplo, pensar" (2), isso é manter autonomia sobre sua vida. Viver é construir através do tempo presente o que você deseja do seu futuro a partir do que você já vivenciou no seu passado. A realidade é a intersecção dos três tempos e não se prender ao que já aconteceu vivendo o presente e tendo consciência de que apenas você constrói o seu futuro é não seguir nenhum pré-determinismo. É tomar para si as rédeas da sua história e fazê-la efetivamente enquanto agente da mesma.
Esse pensamento de individualidade em um sentido mais amplo reflete em seguida na própria sociedade, pois ele parte do indivíduo para o todo. Ele constrói uma sociedade onde a autonomia entre os indivíduos existe de fato. Será que uma consciência desse tipo precisaria de instrumentos como a democracia para organizar a política, por exemplo, ou para decidir em outros aspectos da sociedade de forma determinante? Ser individual é negar a prisão que nos transforma num ser não responsável. A idéia de ter uma vida despreocupada reforça o não se ocupar de sua vida, do futuro que o impulsiona a transformar o presente. O despreocupado não se ocupa de pensar sua vida, de tomar para si a responsabilidade de seus acontecimentos. Ele apenas deixa ser levado pela “vida”, ele esconde-se num pré-determinismo que acredita guiá-lo ao longo de sua existência de forma que nada pode ser feito. A negação da liberdade de viver, conquistar sua autonomia, transformar-se no seu “senhor da razão” é prática comum da ideologia burguesa, do individualismo em sua definição mais desumana, egoísta e equivocada possível.

É uma pena que certas palavras recebam definições tão injustas. Pobre vocabulário que sofre a deficiência do pensar, do conhecer-se, talvez um dia ele cante a liberdade plena e bela do ser...


(1) Jean Paul Sartre, O Ser e o Nada
(2) José Ortega Y Gasset, Que é Filosofia?

10.4.06

Personalidade e Cultura: como se relacionam?

Essa pergunta foi feita em uma atividade de sociologia. Eis a minha resposta...

Considerando a personalidade como o modo de ser que caracteriza uma pessoa, seu caráter exclusivo e essencial, farei a relação desta com a cultura.
Segundo Tylor, o complexo cultural inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade. Esse complexo é parte fundamental na constituição da vida do homem e está entrínseco à própria constituição da sociedade, logo a cultura é o ponto que existe em comum entre o homem e sua sociedade.
Essa relação cultural e sua complexidade influenciam o homem desde o nascimento e é fator determinante na sua inclusão ao meio social e consequentemente na sua personalidade.
A cultura é o ponto em comum entre o homem e a sociedade, mas a personalidade desenvolvida não é o ponto em comum entre esses homens, daí as suas diferenças que os transformam em indivíduos com características próprias. De fato, a cultura sendo fator determinante na formação da personalidade de cada pessoa participa dessa formação ao enraizar-se no seu cotidiano desde sua origem enquanto ser vivo, embora não seja o único fator.
Podemos nesse momento definir a personalidade em relação à cultura como sendo o modo através do qual uma pessoa se relaciona e absorve determinada cultura inicialmente através do processo de sua própria formação e posteriormente através de sua relação mantida com essa cultura.
A cultura é a mesma entre as pessoas em uma determinada sociedade, mas cada pessoa desenvolveu a sua própria personalidade. Essa diferença entre as personalidades deve-se ao fato de que cada ser entra em contato com o mundo e o interpreta de forma diferenciada. Mesmo irmãos gêmeos não possuem vidas idênticas, pois cada um possui sua vivência e sua respectiva coexistência com os objetos à sua volta e com a sociedade em que é inserido.
Justamente a interpretação de cada um em relação a uma mesma cultura, determina a relação entre cultura e personalidade. É o pensar e o social enquanto conjunto de hábitos dentro de um grupo.

28.2.06

Materialismo: Felicidade e Cultura ao Alcance de Todos

Esse texto, talvez muito confuso, é um ensaio acerca de alguns pensamentos do filósofo Herbert Marcuse, do antropólogo Roque de Barros Laraia e estudos recentes sobre história da filosofia.

Felicidade limitada... O que dizer do motor da humanidade na atual sociedade de consumo? Você a tem como um bem obrigatório na sua folha de gastos mensal?
O modelo de felicidade imposto pela classe dominante limita-se ao eu dentro do materialismo, ao eu preso aos sentidos e negador da alma humana em si. O refúgio na arte é profundamente planejado pela burguesia. A cultura afirmativa que existe nesse universo torna o homem passivo e preso em seus próprios pensamentos de liberdade... A interiorização do pensamento frente a realidade não permite a exteriorização dos sentimentos humanos através da ação. Eles permanecem presos através da produção de todo tipo de arte que toma um papel de “campo limitado da manifestação da alma humana”, mas não a verdadeira alma, pois essa mesma foi vinculada aos sentimentos humanos pela cultura afirmativa.
O pensamento de alma é desvinculado de qualquer sentimento ou necessidade humana. Numa ótica Aristotélica a essência dava-se através do conhecimento além de qualquer necessidade ou utilidade para o homem. O conhecimento permanece além de qualquer percepção inicial. A idéia da classe dominante parte daí... Aceitar essa condição seria como negar o ser humano. A felicidade deveria ser trazida para o campo do útil e o bom não seria mais vinculado a esse patamar de conhecimento não prático, não útil para o cotidiano, não produtor de bens de consumo.
O ócio é condenado, assim como tudo que foge da cultura dominante. Não se encontrar nessa cultura seria como não se encontrar no mundo, mas claro, esse é um aspecto geral, independente de sistema ou organização social. Aonde quero chegar é na forma como o sistema atual apega-se a esse aspecto da relação homem-cultura.
Um exemplo prático é o de se dar conta de como funciona esse mecanismo cultural e automaticamente, perder a vontade de acordar todos os dias e trabalhar. Esse mecanismo de defesa da alma (nesse momento exclusa do materialismo e marginalizada) logo vai gerar a infelicidade material desse indivíduo e sua privação de bens de “necessidade básica”, sendo que até mesmo esses bens seriam questionáveis.
Ainda assim, existe o risco de, com esse determinado grau de consciência, o indivíduo cair em grupos ou “tribos” apaziguadores de classe e que de certa forma direcionam-no para uma certa utilidade dentro da sociedade de consumo. Temos como exemplos o movimento punk, hippie ou partidos políticos.
Mas o que realmente quer dizer separar a alma dos sentimentos? Tornar-se uma rocha? Não. Dou como exemplo o fato de uma pessoa tomar consciência a respeito do verdadeiro papel que a família, os relacionamentos amorosos, o entretenimento ou o consumo exercem sobre ela. Ela pode concordar e aceitar a idéia de que a família é um dos alicerces da ideologia burguesa, os relacionamentos monogâmicos existem para afirmar essa estrutura familiar, o entretenimento ocupa-se de alienar e distrair o indivíduo quanto à realidade e o consumo move e alimenta o capitalismo transformando-o em um “João-bobo” que apenas gira o capital. Mesmo assim, perder esses valores até o momento universais e verdadeiros torna-se uma tarefa quase impossível. A política e a economia curvam-se perante a cultura. Como passar a negar uma estrutura familiar onde você está inserido, deixar de “possuir” a pessoa com a qual você estabelece um relacionamento amoroso, ignorar a mídia a sua volta ou parar de desejar bens de consumo que nos são mostrados em vitrines e outdoors? Difícil. Essa é a unificação proposta pela cultura afirmativa... Os sentimentos unidos ao eu. A dominação da alma pelos mesmos é não saber como lidar com eles e sofrer frente aos seus anseios.
A ótica Aristotélica separava a verdadeira alma devido a esse perigo. A cultura não deve ser usada como manipulação, ideologia. A cultura não deve ser usada ou manipulada... ela deve apenas existir e como disse Nietzsche, “uma vez que nos encontramos de alguma forma felizes, não podemos fazer nada que não seja promover a cultura.” Livrar-se desses sentimentos não seria negar os sentimentos, mas sim aceitar um conhecimento da alma e tudo o que ele traz para sua existência. A negação da manipulação mental burguesa... a aceitação do seu verdadeiro eu!

22.1.06

Os Malvados


Tiras filosóficas, políticas e... será que eles têm alguma intenção?
Gostei desses caras. O mais estranho é que eu li e não entendi se eles estavam falando mal de mim ou do resto do mundo...
As questões humanas enfim, couberam em tiras. É preciso muita filosofia para fazer isso.
O calor me faz apodrecer...

13.1.06

Conhecimentos pobres em antropologia social e psicologia geram pensamentos do tipo...

O homem é um ser natural... Mas o que mais buscou fazer ao longo da história foi negar essa condição. A cultura atual prega a individualidade em apenas alguns aspectos, como por exemplo no que se refere à livre concorrência entre seres físicos e jurídicos, mas na hora de se auto-negar, a sociedade escolhe o coletivo... o social.

Um bom exemplo do que digo se refere à família. A família é a instituição número 1 quando o assunto é plantar a ideologia burguesa na cabeça dos "novos homens". Eles apossaram-se totalmente desse modelo. É na família onde aprendemos a ter relacionamentos monogâmicos e passamos a depender deles, é na família que aprendemos que todo homem deve ter uma religião, é na família que compreendemos que a vida é pensar na sua carreira profissional porque ela vai te dar estrutura para constituir mais uma família. Mais uma semente, a roda da vida.

A divisão da sociedade em grupos permite um controle ideológico muito maior da classe dominante sobre a maioria. Por exemplo, o apoio a homossexuais coloca em risco o modelo familiar "moralmente" certo e o apoio a uma vida de solteiro criaria seres muito mais pensantes e crentes em si mesmos, fato não observado na maioria dos relacionamentos amorosos onde existe a dependência psicológica entre as pessoas. A busca do "verdadeiro amor" desvia a atenção do homem junto à realidade. Impede um encontro ao próprio ser e sua força individual. Não seria a força individual colocada numa "livre concorrência", mas uma força individual que pode levar-nos a um verdadeiro esclarecimento da realidade fora de qualquer falsa verdade imposta. Esse esclarecimento pode mudar o modelo de sociedade conhecida no atual período histórico.

A ditadura do casamento, o medo da solidão e do futuro faz com que as pessoas atirem-se cada vez mais rápido em uniões que irão gerar frustrações e sofrimento. Preso a um casamento onde você odeia o seu parceiro(a)... A moral chega no ápice da sua pressão ideológica. Os filhos, a pensão, os medos, a insegurança, os sonhos atropelados são fatores que negam o verdadeiro eu. O ser humano é implacável... o instinto ultrapassa a moral... então o adultério existe e a vida dupla onde as festas já não são mais para casais, mas sim para pessoas de meia idade em crise institucional. A destruição do ser... A negação da família clandestinamente, a forra individual do indignado. Esqueça uma visão além dos seus próprios problemas... esse é o homem atual. O escravo institucional familiar! Caso ele seja feliz e realizado, estará ocupado em juntar um bom fundo de garantia, pagar a escola para os filhos, uma lipoaspiração para a esposa, a reforma da casa... Sem pensar e nem ser!

Claro, não trata-se de um manifesto anti-família ou anti-monogamia, mas por que será que somos assim? Porque queremos mesmo? E você? Tem controle sobre seus próprios hábitos ou teme a "forca social?" O que seu verdadeiro eu te diz?

É o nada... É o beco... E o amor? Onde está?