29.10.06

E agora, Platão?

Projeto de monografia RECUSADO pelo professor... Se até Nietzsche foi incompreedido, por que não eu? Se bem que Nietzsche falava muita besteira... Fica no blog a minha tentiva frustrada...


"O Pensamento Como Ação Através da Linguagem em Platão"

Este trabalho procura estabelecer a relação entre pensamento e mundo em si através da ação que é a linguagem e demonstrar elementos dentro dos diálogos Crátilo e O Sofista que coloquem justamente esse ponto como essencial para o compreendimento do mundo e que essa ação deve ao mesmo tempo de forma dialética jogar-se sempre para fora de si mesma a ponto de tocar o máximo possível as essências contidas em cada elemento dele.
Os diálogos platônicos O Sofista e Crátilo trabalham com a relação entre a linguagem e as coisas. O mundo é algo que está à parte do pensamento, sendo que os conceitos, as essências de cada coisa do mundo não dependem dele, mas são em si. O pensamento não seria uma ação no mundo, pois não aparece nele de forma concreta, portanto o pensamento precisa aparecer como ação que é a linguagem, para que ao recortar o mundo possa constituir-se numa imagem do mesmo que é adotada por nós para poder compreende-lo.
Para Platão, o lugar central que cabe à linguagem é negativo pela dependência das idéias a ela, constituindo de um problema que deve ser resolvido. Tentar anular os efeitos da linguagem é a proposta de Platão. O problema nesse momento está em transformar a contemplação da idéia em linguagem e aproximar o máximo possível essa linguagem do mundo seguindo o movimento dialético para fora da própria linguagem.
Ora, a relação que há entre o pensamento e o mundo está puramente relacionada à ação que é por sua vez a linguagem. A ação, ou linguagem é o movimento necessário para que o pensamento possa tocar as coisas. A essência das coisas é algo que não pode ser tocado puramente por essa ação, pois as essências são imutáveis e logo, negam o movimento. Parmênides dizia que o movimento não existe, uma vez que o ser é uno e imutável e o problema encontrado por Platão está em demonstrar como essa ação, esse movimento na verdade se encaixa dentro do ser. Está em conseguir transformar essa ação lingüística em algo que toque o imutável e permaneça nele, estabelecendo a ligação mais tênue possível entre os dois. Ao tocar o imutável, o não-movimento, a linguagem deixa de ser a própria ação e passa a ser a imagem, negando seu caráter inicial de movimento.
O diálogo Crátilo é o fundador da questão da linguagem, onde esse problema aparece frente à pergunta acerca do que é convencional e o que é natural entre os nomes. Qual é então a relação estabelecida entre linguagem e mundo? Essa primeira forma de montar o problema já nos traz a concepção de linguagem fora do mundo e como uma imagem dele. O problema da linguagem e essa aproximação do mundo, procurando estabelecer-se como uma imagem mais próxima possível dele está fundado na busca da própria verdade, na própria compreensão do mundo. A preocupação aqui está em determinar exatamente o que é falso e o que é verdadeiro e se é possível dizer aquilo que não reflete de fato o mundo, ou seja, aquilo que é falso. Para que a linguagem possa falar do mundo, é necessário que ela possua a mesma estrutura do mundo, caso contrário tudo o que eu digo não teria significado. Se a linguagem não possui a estrutura do mundo, ela sequer pode discutir o que é verdade. Nesse primeiro momento a linguagem é entendida em Crátilo como a relação entre os nomes e as relações estipuladas a esses nomes no mundo.
Sócrates consegue achar um intermediário entre o natural e o convencional em cada nome ao afirmar que de fato os nomes carregam necessariamente esses dois elementos. Os nomes para serem verdadeiros e não expressarem algo que não é sobre as coisas, precisam dizer o mais fielmente possível aquilo que é de natureza de cada objeto do mundo e ao mesmo tempo a parte que cabe a convenção de cada nome está na escolha dos sons e fonemas que vão representar aquela natureza do objeto nomeado. Está estabelecida nessa necessidade dos nomes conterem ao mesmo tempo esses dois elementos, os dois lados da relação entre pensamento e mundo, onde a natureza está no próprio mundo e a convenção está no pensamento. Sem esses dois aspectos não seria possível a existência da linguagem.
Mas a questão do movimento enquanto linguagem ainda não estava bem representada apenas nessa redução da linguagem ao nome. No Sofista, Platão abandona essa concepção e passa a pensar a proposição.
O Sofista apresenta a própria teoria das idéias de uma forma muito mais elaborada e sustentável em relação ao Crátilo. O exercício da dialética está apresentado nesse diálogo através das definições do que é o sofista.
Nesse diálogo estão colocados dois paradoxos:

1º) Formulação do paradoxo do falso - A tese sobre o ser de Parmênides diz que o ser é, o não ser não é e não se pode falar. Dizer o verdadeiro é dizer o que é e dizer o falso é seu oposto, por outro lado o discurso falso tem um significado, mas ele não corresponde a um fato e isso implica em não possuir um significado, logo, dizer o falso é dizer o não ser e sobre o não ser não se pode falar. Não existe discurso falso.

2º) Formulação do paradoxo da predicação – Dizer que uma coisa é uma para em seguida dizer que é múltipla. Digo que o carro é azul, mas como é possível dizer que o carro é aquilo que não é uma vez que carro é carro e azul é azul? Isso quer dizer que o ser do carro é outra coisa. O predicado não diz o que é ao contrário do nome.

O paradoxo da predicação é explicado por Sócrates ao se estabelecer uma hierarquia dos gêneros, onde a relação entre os diferentes nomes está na sua predicação uns em relação aos outros. Dessa forma não poderia dizer que o azul é carro, pois existe uma hierarquia onde o nome carro está em um ponto mais particular em relação ao nome azul que ocupa um ponto mais geral. Isso demonstra as diferentes possibilidades dos nomes de predicarem outros nomes, ou seja, a palavra azul pode predicar mais nomes e estabelecer uma relação mais ampla dentro de todo o conjunto do ser em relação ao nome carro que está dentro do conjunto de predicações do azul.
Dizer o ser é dizer os gêneros dos quais participa o objeto e dizer a essência é encontrar o único gênero pertencente a esse objeto. Com esse sistema, podemos perceber que o que diz que é o particular é o geral. O geral antecede o particular, pois ele só é a partir de conceitos universais. Esse é o ponto básico do platonismo, onde ocorre a inversão do particular, submetendo-o ao universal. Resolve-se aqui o paradoxo da predicação estabelecendo essa relação de hierarquia entre as diferentes predicações.
Sobre o primeiro paradoxo, Sócrates encontra sua resolução ao afirmar no Sofista que é o falso nada mais é que a predicação errada de algum nome, onde esse falso ainda assim está situado no próprio domínio do ser. A possibilidade de falso e verdadeiro existe apenas dentro da relação ou predicação que diz a relação uma vez que ela é elemento da linguagem. Finalmente a linguagem é colocada por Sócrates como a ação em forma de discurso, onde o nome apenas não indica ação, mas sim a relação entre predicados e sujeitos.
Na verdade Sócrates afirma não existir uma diferença entre o pensamento e o discurso, pois pensar é discursar silenciosamente para si mesmo. Todo pensamento pressupõe a linguagem, pois este se faz linguagem para aparecer no mundo. Fora dessa interiorização e exteriorização em relação a nós esses dois elementos são a mesma coisa.
Finalmente o movimento estava representado enquanto linguagem e encaixando-se dentro do ser imutável parmenidiano. Estava provado como o não-movimento absoluto poderia conter em si o seu próprio oposto através da hierarquia dos gêneros. A ação é a linguagem que existe através das proposições que consistem na predicação dos nomes, dando origem ao discurso que é o pensamento exteriorizado e transformado na própria ação.
O movimento dialético onde o pensamento que não é o mundo toca esse mundo através da negação de caráter interiorizado para convertê-lo em caráter exteriorizado é a ação que traz o compreendimento do mundo. Esse compreendimento não chega a tocar o mundo de forma pura, pois ao contrário, caso a linguagem deixasse de ser uma imagem do mundo, ela seria o próprio mundo de forma que não haveria distinção entre um e outro, ou seja, não haveria distinção entre o movimento ou ação e o seu oposto. Voltamos ao Crátilo, onde os nomes devem de fato possuir o que é convencional e o que é natural, pois se fosse apenas natural, não se diferenciaria do mundo e se fosse apenas convencional não existiria o falso, já que dependeria apenas da pura convenção de significados.
O Sofista deu o caráter de ação ao nome quando mostrou a necessidade de haver uma relação entre eles através das predicações. Em todo o momento podemos observar como existe a necessidade da ação para que possa haver o movimento da busca pela verdade. Como já foi dito, o problema da linguagem é essa aproximação do mundo, procurando estabelecer-se como uma imagem mais próxima possível dele está fundado na busca da própria verdade, na própria compreensão do mundo. Sem a ação o pensamento não pode estabelecer sua relação com o mundo e dessa forma não pode saber o que é falso e o que é verdadeiro. É esse movimento que nos joga para a verdade, mantendo-nos para a linha tênue existente entre o pensamento e o mundo em si.



Bom, já superei e comecei outra monografia. Desistir jamais... Hehehehe...

1.10.06

Construa o abstrato

A cidadania se faz necessária! A cidadania se faz urgente! Não é necessário comprar manuais ou pesquisar sabedorias avançadas! A cidadania se faz enlouquecedora quando conhecida. E nesse estado de enlouquecimento você se conhece e se observa imerso na ideologia densa e angustiante. Tome-se e observe o que de fato te pertence. Cuspa o agente limitador e ilimite a vida.
A cidadania não se faz na ajuda financeira e nem na aceitação de uma verdade que é em si fechada. A cidadania não é o câncer social que impreguina povos e mentes. Não queremos as massas, pois essas partem do rebanho. Não somos rebanho. Somos o ilimitado, somos o poder político enquanto negação de todos os grilhões desse mundo hierárquico e canceroso. A cidadania é o poder. É o agente histórico em perfeita consciência de si e para si.
Não nos fechemos nas ideologias do inimigo para destruí-las e só então construirmos o novo. Façamos do homem o reflexo da história e façamos da história a vida que resplandece a razão.

Vamos abstrair para construir, vamos negar a massa densa e doente da sociedade, vamos compreender o leve pensar da existência e viver o amor. A cidadania é o amor pela sociedade e a escolha daquilo que reflete nosso mais íntimo desejo do ser. Construiremos o abstrato, construiremos a vida política tomando-a para todos. Tiremos essa política das mãos de mentirosos e ignorantes, seres densos como o pó. Não mais admitamos a mentira, não mais admitamos a maldição.

Aja! Faça o que lhe cabe! Apenas aja! No seu trabalho, na escola, no bairro, com seu íntimo e com seu espírito! Faça o que lhe cabe da forma que souber. Semeie o bem, lute pela justiça, lute pelo bem social e faça-o! Não admita a maldade e nem o prejuízo do todo social. Lute com sabedoria, lute com amor! Amor inclusive pelo inimigo, pois esse, recebe esse nome de forma política e apenas por questão de elucidação do momento. O inimigo na verdade é você frente ao espelho, frente ao eu. O inimigo em si não existe, mas apenas o objeto de sua cidadania. A cidadania nesse momento se faz como o agente construtor do abstrato.

Esse é o meio! Ame! Construa! O abstrato é urgente em meio à matéria sufocante! O pensamento aguarda seu momento e a matéria implora desesperadamente um pouco mais de tempo, mas o tempo é sua droga, é seu alucinógeno... O tempo traz em si a sua própria morte e a matéria, presa à morte, torna-se lembrança do abstrato.
A cidadania clama! Não espere que façam por você. Faça junto! Chame a todos! A festa está acontecendo e precisa de muitos convidados. A vida pede sua autonomia para se fazer presente. Ajude, opine e transforme o mundo. Não se envergonhe e não pense que existe um único caminho, pois todos eles levam à Verdade. Até mesmo os piores e mais longos.