14.11.08

"Uma coisa é certa: se os animais falassem não seria conosco que iriam bater papo".

__________Millôr

3.11.08

O Velado... Em mim.

Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu fui embora
Mamãe, mamãe, não chore
Eu nunca mais vou voltar por aí
Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu quero mesmo é isto aqui
Mamãe, mamãe, não chore
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Veja as contas do mercado
Pague as prestações
Ser mãe
É desdobrar fibra por fibra
Os corações dos filhos
Seja feliz
Seja feliz
Mamãe, mamãe, não chore
Eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz
Mamãe, seja feliz
Mamãe, mamãe, não chore
Não chore nunca mais, não adianta
Eu tenho um beijo preso na garganta
Eu tenho um jeito de quem não se espanta
(Braço de ouro vale 10 milhões)
Eu tenho corações fora peito
Mamãe, não chore
Não tem jeito
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Leia "Alzira morta virgem"
"O grande industrial"
Eu por aqui vou indo muito bem
De vez em quando brinco Carnaval
E vou vivendo assim: felicidade
Na cidade que eu plantei pra mim
E que não tem mais fim
Não tem mais fim
Não tem mais fim

_____________Caetano Veloso/Torquato Neto
***
Eu realmente não acho que basta ter consciência das coisas. Eu acho que ainda falta alguma coisa, não sei bem o que, mas ainda falta alguma coisa. Não basta amar, não basta apontar os erros dos outros e os seus próprios erros, não basta se arrepender, não basta se esforçar para que as coisas sejam melhores... Tem alguma coisa velada nessa história, tem alguma angústia que não deixa de sobrevoar as idéias, tem algo de forte, intransponível, que sujou a minha história e criou um paradoxo: o primeiro paradoxo!
No domingo que passou não fiz nada daquilo que deveria ter feito, fiquei no meu quarto o dia todo, trancado, fugindo de tudo, reduzindo meu mundo ao sono, ao filme que vi pela metade, ao sentimento de dor pelas coisas que fiz e disse, ao fato de que ser insignificante é coisa muito mais difícil de se encarar. Ser insignificante é ser forte, mas de que vale essa força?
Algo tem que mudar. Se há algo a mais, se esse algo, velado, está fazendo a diferença no contexto em que me encontro, devo mudar o contexto, devo fazer com que esse velado determinante deixe de determinar as coisas. Não basta ter consciência... Não basta saber.
Eu também estou cansado, eu também não aguento mais... O velado impede a paz, o abraço sem incômodo, o diálogo, o olhar nos olhos, a morte do rancor, do pensamento no que seria se o que aconteceu não tivesse acontecido. O velado está em mim, mas foge ao meu controle. Então o velado está em todo lugar enquanto eu estiver no mesmo lugar, enquanto eu estiver nesse eu, que ainda se encontra qui.
Usar o blog para essas coisas é uma merda. Desabafar pra uma massa de rostos sem expressão é tudo o que eu mais critico, mas hoje me sinto só. Só como eu devo me sentir, só como eu preciso estar, talvez pra entender alguma coisa que está perdida, talvez pra segurar a bronca dos meus atos... Hoje eu sou apenas um corpo trancado em um quarto. E amanhã tudo começa novamente. E o mundo não esperou pela minha decisão... Então por que diabos eu ainda espero pelo mundo?