26.9.07

A Vale é nossa, mas a liberdade de pensamento...

"Durante os dias 01 a 09 de setembro, brasileiros participaram de um processo de educação popular que questionava a privatização da Companhia Vale do Rio Doce e estimulava a democracia direta".
As perguntas do plebiscito:
1. Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce – patrimônio construído pelo povo brasileiro – foi fraudulentamente privatizada, ação que o governo e o Poder Judiciário podem anular. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado?

2. O Governo deve continuar priorizando o pagamento dos juros da dívida exterma e interna, em vez de investir na melhoria das condições de vida e trabalho do povo brasileiro?

3. Você concorda que a energia elétrica continue sendo explorada pelo capital privado, com o povo pagando até 8 vezes mais que as grande empresas?

4. Você concorda com uma reforma da previdência que retire direitos dos trabalhadores?
FONTE: Brasil de Fato


Lindo, lindo... Tudo isso é muito legal! Só temos um problema aqui: não podemos julgar uma vitória, a manipulação contida nesse plebiscito. As perguntas tendenciosas equivalem a você olhar para a urna eletrônica no segundo turno de uma disputa presidencial entre A e B, e a urna apresentar as seguintes legendas:

1- Se você quer votar no candidato A, que trabalhará pelo bem do povo brasileiro em detrimento da corrupção, aperte A e confirme.
2- Se você quer votar no candidato B, que trabalhará por interesses politiqueiros em detrimento da nação, aperte B e confirme.
Ou ainda equivale a perguntar em plebiscito:

1- Você aceita ser espancado diariamente por PMs fazendo hora extra?
2- O que você acha de comer merda pelo resto de sua vida a partir de hoje?
3- Você é a favor da pobreza, da miséria e da injustiça?
4- O governo deve continuar fodendo com a sua vida?

Democracia? Sim, legal! Participação popular? Sim, beleza! Mas é um absurdo como a esquerda em certos momentos parece ser tão imbecil quanto a direita, e como a manipulação ideológica ainda é, infelizmente, o meio encontrado por essa esquerda para tentar mudar o rumo das coisas. Falam cobras e lagartos dos filhos da puta que possuem a comunicação de massa e todo aparato alienante, criticam a Rede Globo, as eleições burguesas, para em seguida me aparecerem com um plebiscito recheado de perguntas retóricas. É óbvio que, quem votou contra a ideologia explícita (nem mesmo implícita) das perguntas, possui uma posição direitista, cuja intenção foi enfraquecer o resultado obviamente esperado da votação.
Sou solidário à causa dos organizadores do plebiscito, mas me recusei a votar. De palhaçadas já chegam as que vemos de dois em dois anos, em frente a uma certa maquininha apitante...
Aperte "liberdade de pensamento" e confirme!

Deuses do Consumo

O carro de luxo Bentley Continental GTC, lançado recentemente na Ásia, é mostrado na Índia, onde custará US$ 517,7 mil (R$ 991 mil)

FONTE: http://www.uol.com.br

***
No mundo do consumo, os objetos nos prometem a felicidade eterna. São como deuses com armaduras sagradas e mensagens com verdades imutáveis. Eles aparecem como promessas de um futuro feliz e trazem esperança num futuro sintético.

É óbvio que em um país como a Índia, pouquíssimas pessoas poderão adquirir o carro da foto acima, mas acima de tudo, o que temos aqui é a intenção de promover a manutenção do consumo, do sonho, da esperança em adentrar o reino da felicidade e do luxo. Em um país que há pouco vendeu-se à maldição imperialista, tornou-se inevitável o culto aos objetos.
Na sociedade de consumo somos assim: enxergamos as coisas como essência de nós mesmos. Como se viessem antes de nós, como se existissem independentes de nós, de nosso ser, tornando-se nossos constituintes fundamentais.

Os deuses do consumo são deuses exatamente por isso... Promovem a inversão do homem, mascaram a vida e nos prometem um "Olimpo" do consumo. A utopia pós-moderna é mantida pela classe média que cultua aos objetos como essências imutáveis e necessárias.

Possuir significa existir e existir sem possuir tornou-se o não-ser! Que poder têm os deuses do consumo!

25.9.07

Fundação Santo André e o "Movimento Real"

A Fundação Santo André sofreu, ao longo de pelo menos seis anos, ataques progressivos à sua qualidade de ensino. Desligamento de professores por motivos políticos, aumentos exorbitantes nas mensalidades, sucateamento das estruturas dos cursos, quebra da democracia universitária, entre muitos outros motivos não observados por mim, ou talvez outras pessoas que possam realizar essa análise, foram determinantes para que a situação chegasse ao ponto em que chegou nos dias de hoje.

Sim, esta é uma análise fixa e sobreposta de um conjunto de instantes do passado. Tal análise é necessária para um conhecimento mais científico, ou positivo da situação política da F$A, mas de fato não é a única.

A história é o movimento constante de seus agentes e a esse movimento constante deve-se a mudança. Um fato hoje observado carrega em si marcas adquiridas no passado, mas torna-se um vício acreditar que se poderia prever com propriedade, no passado, todos os acontecimentos presentes. Ora, a situação atual da F$A pode realmente carregar em si as marcas de todos os ataques sofridos no passado, mas o risco do erro existir em tal análise é muito, para não dizer, absurdamente provável.

Projetamos no passado o que vivemos no presente, como uma sombra que recobre a estrada que ficou para trás do automóvel e como se antes mesmo desse automóvel por aquele ponto da estrada já observasse nela a sombra apenas agora ali localizada. O movimento estudantil da Fundação Santo André, e todas suas circunstâncias, devem ser observados como uma mutação constante de estados de consciência, de criações e invenções de seus integrantes (alunos, professores, população). Lidamos a cada dia com o movimento, com o tempo que não deve apenas ser recortado, catalogado e padronizado para ser compreendido. O tempo é mudança! O que temos é a mudança... O espírito do movimento estudantil na F$A mudou, se transformou, e isso nem mesmo o maior analista ou materialista histórico poderia prever com tamanha exatidão. Estamos frente a novos desafios e cabe à nossa análise duradoura entrar no interior do movimento, intuí-lo, para então compreendê-lo como uma coisa duradoura.

Caso Odair Bermelho caia, caso a burocracia dentro da F$A seja atacada pelo movimento estudantil, devemos compreender que calcar no passado tais vitórias, seria uma abstração por demais perigosa, uma fuga onde se toma o presente com ares de passado, sendo que esse contribuiu para o presente, mas em momento nenhum se trata do mesmo. Analisar a situação vigente por ela mesma é imprescindível, juntamente com o que hipoteticamente aprendemos com o passado, para que o movimento estudantil dentro dessa universidade realmente seja para nossa realidade material, um movimento, uma renovação constante.

Não devemos nos prender a verdades universais ou fórmulas prontas. Projetar essas fórmulas no passado converte-se em engano grave. Nada existe antes de se realizar, concordariam comigo os materialistas. A idéia que tenho de algo, antes desse algo existir, modifica-se no aparecer desse. Imagino algo, tenho uma idéia sobre esse algo, mas ao concebê-lo positivamente, mudo, mesmo que sutilmente, a idéia que tinha antes dele. Logo, temos uma falha ao tomar as idéias atuais como sombras projetadas no passado. Tomar a previsão retroativa como amiga constitui-se nesse momento em perigosa relação.

Tomemos o devir, tomemos a transformação contínua de idéias e finalmente compreenderemos a política não como o que se pensa ser, mas o que se é. Sem fixidez, sem essências imutáveis, e finalmente, sem “movimentos” que aparecem por um “espaço de tempo” e, assim como tudo aquilo que é recortado e analisado isoladamente, tende a parar e estagnar-se no erro (sendo nem mesmo esse, fixo e imutável)!

A greve continua!!!

Calendário para a semana, tirado em assembléia de segunda-feira (24/09):

25/09 (terça-feira): Aula Pública sobre as irregularidades na gestão "Odair Bermelho" - às 20h no Auditório da FAFIL (Pinicão)

26/09 (quarta-feira): aula pública organizada nas salas de aulas pelos professores dos cursos

27/09 (quinta-feira): ATO PÚBLICO NA FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ - Contando com a presença, além de todos os alunos em greve, de estudantes, entidades, etc, que apóiem a luta na F$A!

28/09 (sexta-feira): Assembléia geral

29/09 (sábado): Encontro dos estudantes da F$A no período matutino; Concentração para PASSEATA às 14h.

23.9.07

Passeata


A passeata com alunos e professores da F$A contou com cerca de 300 pessoas e percorreu o centro de Santo André, partindo da Câmara dos Vereadores. Durante o ato houve preocupação por parte dos alunos em informar, através de um jornal, a população de Santo André sobre o que vem ocorrendo com a Fundação Santo André.
Antes do ato decidiu-se realizar amanhã na FAFIL, às 19h30, uma assembléia que determinará os rumos do movimento.

21.9.07

As Últimas da F$A


Calendário Cultural:
21/09 - Sexta-feira-Show com "Mamelo Sound System" e outras bandas, à partir das 21h - Pátio do Colégio
- Oficina de malabares, artesanato, apresentação de filmes, entre outros - Salas do Colégio
22/09 - ATAQUE CULTURAL, à partir das 13h - Quadra e bosque da F$A;
23/09 - ATAQUE CULTURAL, à partir do sábado - Mesmo Local.
CINEOCUPA - 3 seções de cinema por dia:
20/09
- 9h/15h/20h
21/09
- 9h/15h/20h
22/09 e 23/09
- horário à definir
22/09
Passeata
Saída: Fundação Santo André às 12h00
Ponto do encontro com professores: 13h00 na Câmara dos Vereadores. Professores, alunos e simpatizantes seguirão juntos rumo ao centro da cidade.
- Na Rádio Movimento tem um especial com áudios da reunião ocorrida no dia 18/09 na Câmara Municipal de Santo André. O prefeito João Avamileno estava presente e se pronunciou.
- Acompanhe também com detalhes o que anda acontecendo na F$A acessando o blog criado pelos estudantes. A FAFIL continua em greve geral de professores e alunos!

15.9.07

Fundação Santo André em luta!!!

Na noite de quinta-feira, 13/09/07, foi realizada uma assembléia no Centro Universitário Fundação Santo André. A assembléia tratou de decidir e deliberar ações em repúdio aos constantes ataques que seus cursos andam sofrendo. Aumentos abusivos de mensalidades têm visado o fechamento de cursos em função de demandas mercadológicas. O que se procura hoje na F$A é a ampliação de cursos com maior demanda de mercado em detrimento de outros que não correspondem a essa lógica.

Outros problemas andam rondando a F$A nos últimos anos, como fechamentos de salas, além de falta de equipamentos e de professores, o que só contribui para a decadência da qualidade de ensino no local e sucateamento dos cursos em risco de fechamento.

Após a assembléia do dia 13/09/07, cerca de 700 alunos invadiram a reitoria da faculdade. Em apenas 4 horas de ocupação a tropa de choque chegou ao local, e o que se viu foi a evidência triste do que é o desrespeito aos estudantes por parte da reitoria da F$A e do Estado. Bombas de efeito moral, tiros de borracha, spray de pimenta e cacetetes foram os instrumentos utilizados na triste repressão da polícia.

Alguns estudantes foram feridos e 8 foram presos.

Os vídeos abaixo são da assembléia realizada no dia seguinte, 14/09/07. Na mesma noite, em assembléia interna, os professores da FAFIL (Faculdade de Filosofia e Letras), em protesto às atitudes da reitoria, deliberaram uma greve e não assinaram o ponto. Os estudantes também decidiram pela greve e manutenção diária das manifestações em protesto aos ataques de Odair Bermelho (reitor da F$A), além de um ato público na prefeitura de Santo André. Além da greve, os professores divulgaram um manifesto repudiando a violência ocorrida na quinta-feira.
Momento da leitura do manifesto escrito pelos professores da FAFIL: “Não descansaremos enquanto os responsáveis por essa arbitrariedade não forem punidos”.
A mídia de massa veiculou timidamente os ocorridos como se ainda esperasse por algo ou por mais nada. De Rede Globo a Bandeirantes tivemos notícias em seus respectivos jornais locais. O Diário do Grande ABC, cujo acionista é Odair Bermelho, tratou logo de publicar a declaração por parte da F$A de que a acusação de aumentos abusivos não procede e que trata-se de uma antecipação por parte dos alunos a uma decisão que ainda não foi tomada.

A luta deve continuar em repúdio aos anos de descaso e sucateamento da F$A, contra os aumentos abusivos de até 126% nas mensalidades. A maior manifestação já vista dentro da F$A não pode ter sido em vão!

A LUTA É DE TODOS!