
Sim, esta é uma análise fixa e sobreposta de um conjunto de instantes do passado. Tal análise é necessária para um conhecimento mais científico, ou positivo da situação política da F$A, mas de fato não é a única.
A história é o movimento constante de seus agentes e a esse movimento constante deve-se a mudança. Um fato hoje observado carrega em si marcas adquiridas no passado, mas torna-se um vício acreditar que se poderia prever com propriedade, no passado, todos os acontecimentos presentes. Ora, a situação atual da F$A pode realmente carregar em si as marcas de todos os ataques sofridos no passado, mas o risco do erro existir em tal análise é muito, para não dizer, absurdamente provável.
Projetamos no passado o que vivemos no presente, como uma sombra que recobre a estrada que ficou para trás do automóvel e como se antes mesmo desse automóvel por aquele ponto da estrada já observasse nela a sombra apenas agora ali localizada. O movimento estudantil da Fundação Santo André, e todas suas circunstâncias, devem ser observados como uma mutação constante de estados de consciência, de criações e invenções de seus integrantes (alunos, professores, população). Lidamos a cada dia com o movimento, com o tempo que não deve apenas ser recortado, catalogado e padronizado para ser compreendido. O tempo é mudança! O que temos é a mudança... O espírito do movimento estudantil na F$A mudou, se transformou, e isso nem mesmo o maior analista ou materialista histórico poderia prever com tamanha exatidão. Estamos frente a novos desafios e cabe à nossa análise duradoura entrar no interior do movimento, intuí-lo, para então compreendê-lo como uma coisa duradoura.
Caso Odair Bermelho caia, caso a burocracia dentro da F$A seja atacada pelo movimento estudantil, devemos compreender que calcar no passado tais vitórias, seria uma abstração por demais perigosa, uma fuga onde se toma o presente com ares de passado, sendo que esse contribuiu para o presente, mas em momento nenhum se trata do mesmo. Analisar a situação vigente por ela mesma é imprescindível, juntamente com o que hipoteticamente aprendemos com o passado, para que o movimento estudantil dentro dessa universidade realmente seja para nossa realidade material, um movimento, uma renovação constante.
Não devemos nos prender a verdades universais ou fórmulas prontas. Projetar essas fórmulas no passado converte-se em engano grave. Nada existe antes de se realizar, concordariam comigo os materialistas. A idéia que tenho de algo, antes desse algo existir, modifica-se no aparecer desse. Imagino algo, tenho uma idéia sobre esse algo, mas ao concebê-lo positivamente, mudo, mesmo que sutilmente, a idéia que tinha antes dele. Logo, temos uma falha ao tomar as idéias atuais como sombras projetadas no passado. Tomar a previsão retroativa como amiga constitui-se nesse momento em perigosa relação.
Tomemos o devir, tomemos a transformação contínua de idéias e finalmente compreenderemos a política não como o que se pensa ser, mas o que se é. Sem fixidez, sem essências imutáveis, e finalmente, sem “movimentos” que aparecem por um “espaço de tempo” e, assim como tudo aquilo que é recortado e analisado isoladamente, tende a parar e estagnar-se no erro (sendo nem mesmo esse, fixo e imutável)!
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