Perdemos!

Sim, oficializou-se... Um relatório da ONU anunciou que até 2100 o planeta sofrerá com o aquecimento global. Oceanos aumentarão seus níveis, secas, furacões, tempestades e outros tipos de eventos naturais castigarão a raça humana e não há mais nada que possamos fazer a respeito.
Perdemos! Sim, a humanidade deve adaptar-se ao novo planeta Terra que criou. Iremos até o fim de nossos dias viver em uma panela de pressão que carrega em si a frustração e uma frase ecoará nas mentes superaquecidas de milhares de ativistas ecologistas: “Nós avisamos!”.
Angústia, abandono, desespero... Nunca as palavras que fazem parte da filosofia de Jean-Paul Sartre me disseram tanto. O que será da humanidade? Terá a apatia vencido?
Minha luta aqui não é mais contra nada! Não! Não luto contra o capitalismo imbecil a partir de agora, nem contra as guerras cretinas no Oriente Médio. Não luto contra o governo ou contra as instituições privadas... Luto a favor do ser humano. Se isso for contra algo, aí já é outra coisa. Será só mais uma coisa que fugiu do controle. Ser humano! Luto a favor dessa raça que ainda não aprendeu a lidar com sua racionalidade e que pena há milênios para poder compreender-se sem ao menos saber se é isso mesmo que precisa.
A panela de pressão está ligada! Estamos fervendo e não há como apagar o fogo. Sim, a esperança ainda resta, mas já perdemos algo... Perdemos nosso planeta como um dia já foi e se a natureza começa a criar mecanismos para que nossa raça venha a se extinguir é porque já fomos longe demais.
Não! A culpa não é do sistema capitalista! A culpa não é dos países ricos, da burguesia, do Bin Laden ou do deus da destruição! A culpa é nossa! O homem criou o sistema, as guerras, o dinheiro, as religiões extremistas! Nós, nossos antepassados, nossos filhos e netos criamos, mantemos, permitimos que as coisas permaneçam como estão. Nos submetemos a reclamar de um sistema econômico que é destrutivo sim, mas não paramos para pensar que essa prisão é nossa e nós mesmos temos a chave para abri-la!
A criatura domina o criador. Sim, o Doutor Frankenstein somos nós mesmos e os modelos que criamos, o monstro que se vira contra nós! Ao colocar a humanidade abaixo de seus próprios simulacros, o homem não percebe que só precisa olhar para frente e compreender-se como de fato é. Nossos computadores poderosos, nossos carros importados, nossa moda, nossas drogas, nossas TVs ligadas em Reality Shows, nosso dinheiro... Nada disso nos ajudará. Nada disso reverterá o que já foi feito. Onde estão as respostas? Em nós mesmos!
Não há como achar salvação individual! Não há como escapar dessa sozinho ou trazendo seu pequeno grupo egoísta junto! Não há organização, partido, clube, empresa, família, tribo, banda, elenco de novela que consiga se salvar isoladamente. A saída está na coexistência e no ser humano como valor central!
Somos animais com o incrível dom de amar nossa coletividade, de vivermos felizes ao compreender que a antropologia nos une até a última célula de nossa estrutura animal! Somos luzes animais! Estamos perdendo... E mesmo compreendendo que somente a união de nossa raça trará a vitória contra nossos simulacros, o que mais me assusta a partir de hoje é que mesmo que todos resolvamos nos unir, não há nada que possa ser feito para que as mudanças em nosso planeta cessem. Minha luta é de sobrevivência. Minha luta é a favor da humanidade e não mais contra nada! Não há mais tempo para isso. Não há mais tempo para lutar contra nada!

Lutemos a favor! A favor de nós mesmos!