23.5.10

Imperfeições


Em nossa vida nos deparamos, diariamente, com as imperfeições daqueles que surgem no caminho das lutas terrenas:

A impaciência dos imprudentes.

A ingratidão dos egoístas.

A maldade dos insensíveis.

A ignorância dos imaturos.

As reclamações dos individualistas.

Porém, é importante pensar no fato de que é comum nos depararmos com estas imperfeições não apenas nas pessoas que nos circundam, mas em nosso próprio íntimo, sendo essa a evidência de que, em nosso cotidiano, a caridade é bandeira de reconhecimento, nas outras pessoas, das mesmas paixões que nos infestam e nos torna carentes da misericórdia que, muitas vezes, negamos a estes semelhantes, tornando o mundo reserva da discórdia e da incompreensão.

Programa A Liga - Moradores de Rua

O cotidiano das "pessoas invisíveis" contado pelas câmeras do programa da Rede Bandeirantes de TV:



19.5.10

O Beco

A apatia do sujeito semicultivado em face à barbárie cotidiana contemplada na letra dos Paralamas do Sucesso:

No beco escuro explode a violência
Eu tava preparado
Descobri mil maneiras de dizer o seu nome
Com amor, ódio, urgência
Ou como se não fosse nada
No beco escuro explode a violência
Eu tava acordado
Ruínas de igrejas, seitas sem nome
Paixão, insônia, doença
Liberdade vigiada
No beco escuro explode a violência
No meio da madrugada
Com amor, ódio, urgência
Ou como se não fosse nada
Mas nada perturba o meu sono pesado
Nada levanta aquele corpo jogado
Nada atrapalha aquele bar ali na esquina
Aquela fila de cinema
Nada mais me deixa chocado
Nada!

____________Herbert Vianna / Bi Ribeiro

9.5.10

Esperar

"Esperar é uma dimensão interior do homem. Não tem nada a ver com predição. É totalmente deferente de otimismo. A esperança é, antes, a capacidade de comprometer-se com algo, não porque tenho êxito garantido, mas porque vale a pena, porque tem sentido... Quanto mais desfavorável for a situação, tanto mais profundo deve ser a esperança.
Pode ser uma virtude teologal, a esperança quer nos tirar do comodismo e criar, dentro de nós, uma disposição nova. Por ela, a pessoa deve perfazer seu caminho pleno de humanização até atingir a plenitude no divino. A esperança, na verdade, é um espírito instigante que nos faz caminhar, viver, sonhar e... transcender!" (Frei Paulo Sérgio de Souza)

3.5.10

Na Semeadura

Não esperes pela solidão para que tenhas que combater o egoísmo em ti.
Não aguardes a doença para que aprendas a cuidar de teu corpo físico.
Não necessites chorar com a traição para que aprendas a perdoar as faltas mais simples de teus semelhantes.
Não busques colher a humilhação para que tenhas que aprender sobre a humildade.
Não ajas sob a raiva para que não tenhas que suportar o inferno íntimo do arrependimento.
Não sustentes o ciúme para que não sofras com as separações, a fim de reparar tua possessão descabida.
Não te acomodes na preguiça para que não sofras, mais adiante, com a enfermidade mobilizante.

Na semeadura da vida, todos temos a liberdade de cultivarmos aquilo que nos aprouver, porém é lição valiosa a compreensão de que o tempo sempre nos traz, em forma de lição, a colheita redentora de nossos erros. Injustiça é palavra inexistente no arranjo natural da vida, portanto não esperes que a dor te sirva de professora por mais tempo: trabalha tua conduta, fazendo o possível para contribuir para a felicidade do teu semelhante, edificando tua vida futura sobre as fortes bases do amor.

23.4.10

Nas Provas da Senda

A natureza, por livro divino da Sabedoria Celeste, ensina, em toda parte, que a persistência é o sinal luminoso da evolução.
O Sol não se faz menos brilhante quando ilumina o vasto espelho do deserto sem água.
A flor não esconde o perfume que lhe é próprio, porque surjam emanações pestilentas do charco que foi situada.
A fonte não cessa de correr porque o leito em que se movimenta se constitua de pedras.
A árvore não recolhe os seus galhos porque os vermes considerados venenosos lhe venham sugar os frutos.
As estrelas fulguram no seio imenso da noite.
A catarata é a força divina da Terra a despenhar-se no abismo.
O pântano drenado é chão proveitoso.
Só o homem dá curso ao desânimo e à desconfiança, ante os reservatórios inesgotáveis da paciência e da bondade divina do Senhor. Só o homem duvida, dilacera-se, dorme e recua, perdendo, por vezes, benditas oportunidades de elevação para os cimos deslumbrantes da vida.
E, na indisciplina e na intemperança, no desespero e na negação a que se entrega, comumente procura fugir ao quadro de obrigações que lhe cabem, mas, ainda que se projete aos confins do Universo, não encontrará senão a si mesmo, com as suas realidades conscienciais, com o impositivo de tudo recapitular e tudo recomeçar, para reaprender e refazer.
Assim, pois, em nossas lutas naturais do caminho regenerativo e santificante, aceitemos o cálice de nossas provações, seja qual for, sorvendo-lhe corajosamente o conteúdo lembrando que nada vale para nós a fuga dos deveres fundamentais que nos competem, porque, em nos afastando dos aguilhões salvadores dentro da vida, estamos simplesmente recusando em vão o programa sagrado de Deus.

(Pelo espírito Emmanuel em Marcas Do Caminho, de Francisco Cândido Xavier, ditado por espíritos diversos)

18.4.10

Guardemos o Cuidado

"...mas nada é puro para os contaminados e infiéis" (TITO, 1: 15).

O homem enxerga sempre, através da visão interior.
Com as cores que usa por dentro, julga os aspectos de fora.
Pelo que sente, examina os sentimentos alheios.
Na conduta dos outros, supõe encontrar os meios e fins das ações que lhe são peculiares.
Dai, o imperativo de grande vigilância para que a nossa consciência
não se contamine pelo mal.
Quando a sombra vagueia em nossa mente, não vislumbramos senão
sombras em toda parte.
Junto das manifestações do amor mais puro, imaginamos alucinações
carnais.
Se encontramos um companheiro trajado com louvável apuro, pensamos em vaidade.
Ante o amigo chamado à carreira pública, mentalizamos a tirania política.
Se o vizinho sabe economizar com perfeito aproveitamento da oportunidade, fixamo-lo com desconfiança e costumamos tecer longas reflexões em torno de apropriações indébitas.
Quando ouvimos um amigo na defesa justa, usando a energia que lhe compete, relegamo-lo, de imediato, à categoria dos intratáveis.
Quando a treva se estende, na intimidade de nossa vida, deploráveis alterações nos atingem os pensamentos.
Virtudes, nessas circunstâncias, jamais são vistas.
Os males, contudo, sobram sempre.
Os mais largos gestos de bênção recebem lastimáveis interpretações.
Guardemos cuidado toda vez que formos visitados pela inveja, pelo ciúme, pela suspeita ou pela maledicência.
Casos intrincados existem nos quais o silêncio é o remédio bendito e eficaz, porque, sem dúvida, cada espírito observa o caminho ou o caminheiro, segundo a visão clara ou escura de que dispõe.

(Francisco Cândido Xavier, ditado por Emmanuel. Fonte Viva. Rio de Janeiro, RJ: Federação Espírita Brasileira, 1956).

16.4.10

Se Eu Fosse Eu


Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais (De Clarice Lispector, extraído do livro A Descoberta do Mundo. Rio de Janeiro, RJ: Rocco, 2008).

Aos melancólicos...

existencialistas ou não:


Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes de vossos corações e vos faz achar a vida tão amarga? É o vosso Espírito que aspira à felicidade e à liberdade e que, preso ao corpo que lhe serve de prisão, esgota-se em vãos esforços para dele sair. Mas, vendo que são inúteis, cai no desencorajamento, e o corpo, suportando sua influência, a languidez, o abatimento e uma espécie de apatia se apodera de vós, e vos achais infelizes.
Crede-me! Resisti com energia a essas impressões que enfraquecem em vós a vontade. Essas aspirações para uma vida melhor são inatas do Espírito de todos os homens, mas não a procureis neste mundo; e no presente, quando Deus vos envia seus Espíritos para vos instruírem sobre a felicidade que vos reserva, esperai pacientemente o anjo da libertação que deve vos ajudar a romper os laços que mantêm vosso Espírito cativo. Pensai que tendes a cumprir, durante vossa prova sobre a Terra, uma missão de que não suspeitais, seja em vos devotando à vossa família, seja cumprindo os diversos deveres que Deus vos confiou. E se no curso dessa prova, e desempenhando vossa tarefa, vedes os cuidados, as inquietações, os desgostos se precipitarem sobre vós, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os francamente, eles são de curta duração e devem vos conduzir para  perto dos amigos que chorais, que se regozijarão com a vossa chegada entre eles, e vos estenderão os braços para vos conduzir a um lugar onde os desgostos da Terra não têm acesso (Pelo espírito François de Genève em O Evangelho Segundo o Espiritismo, p.74. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2007).

14.4.10

Solidão

"O presidente, porém, disse: - mas, que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: seja crucificado" (MATEUS, 27:23).

À medida que te elevas, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentas a solidão dos cimos e incomensurável tristeza te constringe a alma sensível.
Onde se encontram os que sorriram contigo no parque primaveril da primeira mocidade? Onde pousam os corações que te buscavam o aconchego nas horas de fantasia? Onde se acolhem quantos te partilhavam o pão e o sonho, nas aventuras ri dentes do início?
Certo, ficaram...
Ficaram no vale, voejando em círculo estreito, à maneira das borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contacto da menor chama de luz que se lhes descortine à frente.
Em torno de ti, a claridade.. mas também o silêncio...
Dentro de ti, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não seres compreendido...
Tua voz grita sem eco e o teu anseio se alonga em vão.
Entretanto, se realmente sobes, que ouvidos te poderiam escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale se abalançaria a entender, de pronto, os teus ideais de altura?
Choras, indagas e sofres...
Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso?
A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou, e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida.
A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza.
A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho.
Não te canses de aprender a ciência da elevação.
Lembra-te do Senhor, que escalou o Calvário, de cruz aos ombros feridos. Ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça.
Recorda-te dele e segue...
Não relaciones os bens que já espalhaste.
Confia no Infinito Bem que te aguarda.
Não esperes pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento. E não olvides que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo dos Homens não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado.

(Francisco Cândido Xavier, ditado por Emmanuel. Fonte Viva. Rio de Janeiro, RJ: Federação Espírita Brasileira, 1956).

***

Quando se fala em cristianismo muitos pensam em senso comum. O que não se observa, muitas vezes, é que a prática do evangelho, a busca pela reforma íntima proposta nos ensinamentos do Cristo é muito pouco ou nada praticada em nossos dias. A evolução da raça, de acordo com a doutrina espírita, existe e trouxe a humanidade até onde está. A razão humana conquistou prodígios infindáveis na caminhada humana, mas quando se fala em evolução moral, muito do que se conquistou em termos racionais transforma-se em lama que nos impede de caminharmos mais adiante em nosso caminho evolutivo. Nesse campo o atraso ainda é imenso e encontra-se em relação desigual com o intelecto.

A prática dos ensinamentos morais do Cristo ainda nos parece coisa avessa ao cotidiano. Muito se fala sobre eles, adotamos, em grande parte do tempo, os critérios destes ensinamentos para julgar nossos semelhantes, mas nem de longe temos o impulso de tentar praticá-los. Um grande exemplo deste distanciamento entre a moral cristã e a vida está no fato de que personalidades que deram grandes exemplos de renúncia pessoal em prol das causas humanitárias ainda são vistos como exceções à regra geral, são como prodígios que devem sempre ser mencionados, mas que trazem, perante os olhos do senso comum, suas condutas como algo praticamente inimitável.

O próprio exemplo do Cristo é isolado e tratado como fonte de salvação pela adoração, mas quase nunca como fonte de conduta nos mais variados momentos da vida. É nesse esquecimento, nessa falta de interesse que ainda prevalece em nosso mundo de expiações que aqueles que procuram realizar sua reforma íntima, seja seguindo os ensinamentos do Cristo, seja adotando qualquer outra conduta moral baseada em princípios religiosos, encontram a caminhada solitária, quase nunca compreendida pela massa que anda sem rumo pelos caminhos da materialidade.

A todos aqueles que caminham solitariamente encontrando em poucos momentos companhia fraterna na elevação das ações, que a mensagem de Emmanuel surge como injeção de ânimo, baseada no exemplo máximo do Cristo. É no exemplo do Mestre que encontramos o tripé que traz os imperativos que os sustentam: trabalha, espera, confia!

11.4.10

Saída Moral Para a Ciência, Saída Racional Para a Fé.

A ciência procura explicar, a partir de postulados e axiomas, traduzidos em idioma matemático, toda natureza que compõe a existência, afastando-se da fé. A religião, por sua vez, afasta-se da ciência, ignorando que a ciência do homem deve caminhar junto com suas verdades divinas. A união entre ciência e fé faz parte da nova etapa da caminhada humana, etapa essa que encontrará na filosofia o arcabouço que irá ancorar o fim da separação positivista entre essas três formas de conhecimento em nome de um conhecimento universal. E qual a melhor forma de definir a busca pelas verdades científicas ou Deus como a busca pela universalidade? Cabe aos filósofos compreenderem a nova ordem das coisas.

A música da cantora evangélica Mariana Valadão, a princípio, é vista como mais uma daquelas com letra de louvor, própria das músicas de tema religioso. Agora, olhando sobre a ótica científica e buscando compreender que, desde a religião primitiva até o monoteísmo mais tardio, podemos dizer que a cosmologia do universo converge com o que se pode chamar de leis físicas ou de Deus. É a fé e a razão ou fé raciocinada batendo às portas. Atualmente os cientistas prostram-se frente suas teorias assim como os religiosos frente a Deus. A razão, limitada até então, irá unir-se ao que há de mais sagrado, mas ainda assim reconhecendo a validade de tudo aquilo que é lógico. É o fim da tensão entre homem e mundo...

Dos mais altos montes ao mais fundo mar
A criação revela Tua glória
Há perfumes e cores em todo lugar
Cada ser entoando uma música
Te adorando

Impossível descrever
Tu chamas cada estrela do céu pelo nome
Tu és tremendo Deus
Impossível compreender
Maravilhados prostramo-nos diante de Ti
Tu és tremendo Deus

Que comanda os relâmpagos e os trovões
E dá ordens a chuvas sobre as nações
Quem criou Lua e Sol e a fonte da luz
Fez os dias e as noites e a tudo conduz
Incomparável

Impossível descrever
Tu chamas cada estrela do céu pelo nome
Tu és tremendo Deus
Impossível compreender
Maravilhados prostramo-nos diante de Ti
Tu és tremendo Deus

Tu és tremendo Deus
Tu és tremendo Deus

Impossível descrever
Tu chamas cada estrela do céu pelo nome
Tu és tremendo Deus
Impossível compreender
Maravilhados prostramo-nos diante de Ti
Tu és tremendo Deus

Conseguiu ler diferente? Trata-se de uma música de tema religioso, que trás em si a proposta de adoração ao Deus que, segundo sua letra, é responsável pelos eventos naturais. Ora, a mesma devoção por Deus é a própria devoção à natureza. Agora, imaginemos que a mesma ciência que procura manipular o mundo, de forma indiscriminada, resolva adotar o princípio de adoração e investigar o mundo baseado na fé. É de esperar que a fé carregue consigo os códigos morais encontrados em qualquer religião. Assim, a mesma ética que o homem adota ao escolher seguir o caminho da fé, de acordo com o código referente à sua religião, seria a ética que a ciência, unida à fé, adotaria em relação ao mundo. Temos aqui o fim da razão instrumental, da exploração e manipulação dos recursos naturais do nosso planeta sem levar em consideração o caráter sagrado que nos guarda a própria natureza. 

Ao mesmo tempo, a fé cega, transformada em dogma irracional ou em fanatismo, não reconhece, no próprio homem, a capacidade de evoluir em ciência. A fé raciocinada é aquela que, unindo fé e ciência, trata de trazer para outros campos do conhecimento a presença de Deus, aumentando sua força e corroborando, cada vez mais, suas verdades divinas. Na verdade, a própria divindade aqui passa a se "suavizar", pois passa a ser algo absolutamente natural, e o homem, membro da natureza criada por Deus, passa a fazer parte de uma forma muito mais presente desta criação, tanto em fé (tudo aquilo que a ciência ainda não pode explicar) como em razão (a faculdade que pode nos aproximar de Deus, a exemplo da fé).

4.4.10

Nosso Lar

Trailer do filme baseado no livro Nosso Lar, de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito André Luiz:

Ocidente, Oriente e a Nova Fé

A humanidade evoluiu apoiada em dupla base no que diz respeito a construções de valores espirituais. Por um lado, vemos um ocidente racional, apoiado nos sentidos materiais, que deu margem a uma polarização cética em termos de espiritualidade. Na outra face, encontramos a subjetividade sensível oriental, que construiu seu conhecimento espiritual sobre bases intuitivas, propiciando uma fé pouco compreendida na qual a prioridade é sentir por si mesmo. Durante milênios tais crenças nos pareceram contraditórias, de impossível reconciliação. Mas é no alvorecer deste milênio que tais correntes estabelecem seus primeiros diálogos. A humanidade começa a amadurecer espiritualmente a ponto de sentir e de compreender o que sente. A Doutrina Espírita traz valores essenciais para tal entendimento, no entanto, também não é ela a fonte sublime da verdade. Muito longe estamos de compreender verdades. A fé e o raciocínio haverão de efetivar novas aquisições em conjunto, e é a partir desta concepção e do respeito a todas as formas de crer que a humanidade será promovida à nova compreensão existencial (Pelo espírito Castro em Nas Brumas da Mente, de Rafael de Figueiredo, ditado por François Rabelais. Catanduva, SP: Instituto Beneficente Boa Nova, 2008).

3.4.10

Esperança

Saúdo-te, Esperança, tu que vens de longe, inundas com teu canto os tristes corações, tu que dás novas asas aos sonhos mais antigos, tu que nos enches a alma de brancas ilusões.

Saúdo-te, Esperança. Tu forjarás os sonhos naquelas solitárias desenganadas vidas, carentes do possível de um futuro risonho, naquelas que inda sangram as recentes feridas.

Ao teu sopro divino fugirão as dores como tímido bando de ninho despojado, e uma aurora radiante, com suas velas cores, anunciará às almas que o amor é chegado. 

Pablo Neruda

30.3.10

Repeat, Please!


O ano era 1997, se não me engano... A banda era do nordeste, não lembro qual estado. O clipe passava nas tardes da MTV e eu sempre parava pra cantar junto. A música que tocava era a cara dos anos 90 e a letra era carregada de uma felicidade entediada e inocente. Mais  adolescente, impossível! Saudades...



"Têm dias que a vida parece Coca-Cola sem gás.
Às vezes, deitado em nuvens, lado cinza.
Não preciso de sabão em pó,
nem de detergente líquido,
roupas velhas em dia de sol,
calças rasgadas sorrindo.
Às vezes é assim.
Às vezes é assim.
Repeat, please!"

Crê e Segue

Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (João, 17:18).


Se abraçaste, meu amigo, a tarefa espiritista-cristã, em nome da fé sublimada, sedento de vida superior, recorda que o Mestre te enviou o coração renovado ao vasto campo do mundo para servi-lo.
Não só ensinarás o bom caminho. Agirás de acordo com os princípios elevados que apregoas.
Ditarás diretrizes nobres para os outros, contudo, marcharás dentro delas, por tua vez.
Proclamarás a necessidade de bom ânimo, mas seguindo, estrada afora, semeando alegrias e bênçãos, ainda mesmo quando incompreendido de todos.
Não te contentarás em distribuir moedas e benefícios imediatos. Darás sempre algo de ti mesmo ao que necessita.
Não somente perdoarás. Compreenderás o ofensor, auxiliando-o a reerguer-se.
Não criticarás. Encontrarás recursos inesperados de ser útil.
Não deblaterarás. Valer-te-ás do tempo para materializar os bons pensamentos que te dirigem.
Não disputarás inutilmente. Encontrarás o caminho do serviço aos semelhantes em qualquer parte.
Não viverás simplesmente no combate palavroso contra o mal. Reterás o bem, semeando-o com todos.
Não condenarás. Descobrirás a luz do amor para fazê-la brilhar em teu coração, até o sacrifício.
Ora e vigia.
Ama e espera.
Serve e renuncia.
Se não te dispões a aproveitar a lição do Mestre Divino, afei-çoando a própria vida aos seus ensinamentos, a tua fé terá sido vã.

Emmanuel

***

Planeta Escola ao qual fomos enviados, local sagrado de aprendizado, breve morada que anuncia, a cada dia, nosso retorno à pátria espiritual. Aqui, dia após dia, devemos tomar consciência de que nossas aspirações nem sempre estão de acordo com o projeto encarnatório que aguarda seu cumprimento nas leis naturais que regem a natureza física, biológica e espiritual. Aquele que serve a lei extrai de seus olhos, um pouco mais, o véu da matéria que alimenta perigosamente nossas paixões tão nocivas para as nossas relações com o mundo e com nós mesmos.

Planeta Escola, local onde a felicidade ideal, ligada aos nossos sonhos mais íntimos, não encontra morada. O momento é de aprendizado, como o momento da avaliação escolar no qual estamos, por alguns momentos, presos à prova, longe de nosso lar, nos empenhando para tirarmos a melhor nota e podermos, por fim, colher os frutos da dedicação ou do descaso e da indisciplina. 

A felicidade ideal buscada neste mundo de aprendizado é uma pálida idéia do que nos aguarda após os testes terrenos! Cabe a nós retornarmos ao lar com as boas notícias da aprovação ou com a necessidade de recuperarmos o aprendizado perdido...

28.3.10

O Poder e a Caridade


Há quem diga que a caridade proporciona segurança a todos aqueles que se beneficiam das desigualdades sociais. Há quem diga que a crença na multiplicidade das existências legitima a existência destas mesmas desigualdades. Mas não poderíamos pensar que, na verdade, é a existência das desigualdades que legitima a necessidade da multiplicidade das existências?

A deficiência moral em que se encontra a humanidade é máquina geradora de toda desigualdade e injustiça encontradas em nosso orbe terrestre. E qual seria o combustível que alimenta a ação dos inescrupulosos senão o seu próprio egoísmo, avareza e falta de amor? E seria esse sentimento mesquinho exclusividade apenas destes homens em suas posições sociais materialmente superiores ou seria também encontrada entre aqueles que padecem de dificuldades ligadas ao dinheiro?

Ora, a deficiência moral é doença que não reconhece a posse ou a falta da riqueza material. As paixões nocivas ao indivíduo, que exteriorizam-se no seu trato aos semelhantes, são comuns a todos os homens e não exclusividade dos poderosos. Para compreender tal afirmativa não é preciso ir muito longe, mas parar por apenas um minuto e olhar para dentro de si mesmo. Quantos são os pensamentos mesquinhos que acolhemos em nossa mente? Quantas as atitudes que, em muitos momentos, revelaram-nos como seres totalmente estranhos ao ideal de sociedade que sonhamos? Quando paramos, por um instante, para pensar no quanto nos assemelhamos, em pensamentos e atitudes, a todos aqueles que nos colocamos a criticar tão severamente, começamos a compreender que, para construir uma nova sociedade, não bastaria retirar do poder estes indivíduos, pois isso não significaria que estes seriam substituídos por outros de moral mais elevada ou atitudes mais nobres.

Se a base de uma sociedade justa é a compreensão do que significa, na prática, o bem e a justiça, ao mesmo tempo é justo afirmar que esta compreensão passa pela consciência de que o mal feito ao semelhante também é o mal feito a nós mesmos. Isto vem a significar que  a mesma ignorância desta afirmação é comum aos homens de poder e também aqueles que são anônimos para as grandes massas. Caso os críticos dos poderosos compreendessem que o mal que fazem, em pensamento ou atitude, a todos aqueles que despertam neles antipatia ou raiva, tem a mesma raiz que o mal promovido pelos governantes inescrupulosos, tratariam logo de procurar sua reforma pessoal antes de desejarem tomar o controle da própria sociedade, ocupando o lugar dos homens atualmente no poder.

Cabe a nós, individualmente, encontrarmo-nos na tarefa diária da prática do bem e da justiça, transformando-nos moralmente para podermos ser dignos de criticar nossos semelhantes que encontram-se na mesma bancarrota moral que nós mesmos. Nesse momento, perceber o quanto esta reforma é tão difícil, por meio de sua prática, é o início da compreensão lógica e mais ampla da necessidade da pluralidade das existências para cumprimento de tão árduo dever. Ao mesmo tempo, aceitar esta lógica nos dá passividade e benevolência para que possamos aceitar, com sabedoria, o atraso moral de todos aqueles que ainda não iniciaram sua reforma pessoal em busca do bem e da justiça que um dia prevalecerão numa sociedade que tenha em seus membros a verdadeira prática de seus princípios. Tal passividade não significa aceitar o que é errado ou aquilo que se apresenta como antítese do bem e da justiça, mas, ao contrário, nos aponta o norte correto para agirmos em relação as maldades e injustiças do mundo. É assim que a caridade sai do juízo de inútil para aqueles que desejam mudar a sociedade com base no derramamento de sangue e lágrimas, passando a ocupar o posto de único caminho racional (no sentido legítimo da palavra) e viável para a construção de um mundo livre dos sofrimentos oriundos do egoísmo humano.

"A caridade é virtude fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela, as outras não existem. Sem a caridade não existe esperança num futuro melhor, não existe interesse moral que nos guie" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 155, São Paulo: PETIT, 1997).