30.9.09
7.9.09
Os descolados e os arcaicos
A idéia levantada, não sei por quem, contrapõe a noção de estar “a frente de seu tempo”, afirmando que, na verdade, esses pensadores não estão a frente de nada, mas sim imersos de tal modo em seus tempos que produziram idéias e noções que refletiam com maior veracidade a realidade objetiva na qual se encontravam. Talvez possa ser dito (não sei se a linha da discussão apontava para isso, pois prestei porcamente atenção na conversa) que idéias a frente de seu tempo não são possíveis, pois mesmo os idealismos que, em forma de ideologia (na sua noção marxista), mascaram a realidade objetiva, são frutos de uma “sedimentação social” (roubando o termo adorniano). Desse modo não há possibilidades reais de que se produza algum pensamento que não esteja preso a seu tempo e espaço físico, mesmo se tratando de um idealismo que procure ocultar essa realidade objetiva, pois até mesmo para isso precisa de tal realidade para ser ocultada.
Os descolados e os arcaicos
Já a algumas semanas venho acompanhando um programa da emissora MTV chamado Descolados. Trata-se de um seriado, publicitariamente falando, voltado para um público, acredito, na faixa etária de 18 até uns 25 anos (faixa a qual eu me encontro em relação de exterioridade, caso levemos em consideração unicamente o tempo físico), que tem como personagens principais três jovens (incluídos nesta faixa etária) que, por uma série de acontecimentos que os leva a conhecerem-se, decidem dividir um apartamento no centro de São Paulo. O que me chama atenção neste programa é a forma como o comportamento e a própria cidade de São Paulo, bem como a relação que os personagens possuem em relação a ela, são expostos de modo a, juntamente com outros aspectos não observados racionalmente, mas intuídos por mim, formarem um “projeto” (não sei se esse seria o termo correto) de criação de uma “estética paulistana”, uma certa identidade espiritual que busque divulgar e ampliar, para uma certa faixa da porção jovem da sociedade, um conjunto de hábitos de consumo, (a)morais e linguísticos encontrados, atualmente, numa parcela menor desta mesma porção da sociedade. Além de divulgação e ampliação, o caráter aqui também é de afirmação.
No seriado da MTV temas como sexualidade, drogas (incluindo álcool), estrangeirismos, relações familiares não são tratados ou discutidos no enredo de seus episódios. Estes temas são simplesmente vividos pelos personagens, sugando o espectador para dentro da realidade da trama, sem colocá-lo como aquele que deve entrar dentro de uma discussão acerca das possíveis polêmicas envolvidas a partir de alguma regra moral vigente. A linguagem do seriado não apega-se ao formato de programas globais (da Rede Globo de Televisão) que parecem colocar os mesmos temas, de modo frequente, dentro de uma discussão na qual o personagem, em crise, parece viver uma situação em que se deve tomar partido desta ou daquela decisão que será determinante para sua vida: assumir ou não sua sexualidade, seus vícios, suas relações sociais.
Creio que a MTV não fala para as massas. A emissora, filial da norte-americana, fundada no Brasil em meados do início dos anos 90, sempre falou para uma minoria de espectadores. Sempre presa aos pacotes oferecidos pelas tevês por assinatura ou ao formato de frequencia conhecido como UHF, a MTV sempre entrou numa quantidade reduzida de lares em todo país. Não há como negar que, na segunda metade dos anos 90, a emissora passava por uma reestruturação em seu conteúdo, abrindo-se para músicas mais populares (pagode, axé), mas por algum motivo, e creio que pela própria fidelidade dos espectadores que pertencem à faixa dos “descolados”, ela teve que dar um “passo atrás” no seu projeto de popularização. A MTV não deixara de expandir-se, mas, curiosamente, sua expansão dava-se dentro da representação do modo de vida da parcela da sociedade que a financiava e dava credibilidade. A MTV nasceu descolada, tentou negar sua origem, mas foi pressionada por sua própria ontologia. A ideologia que a alimentou (e que ela alimentava) parecia imanente a sua existência. A MTV mudou, mas nunca conseguiu de fato desligar-se dessa característica.
O que vemos hoje é uma emissora que afirmou-se dentro de sua característica imanente (não posso apontar exatamente o que a levou a, enfim, afirmar-se dentro desta característica, devendo me prender a meus argumentos redutivistas). Suas produções sempre parecem existir a parte das demais produções televisivas encontradas nas demais emissoras. Mesmo na utilização de formatos já existentes (por exemplo, o formato de programa esportivo), a emissora paulistana parece trazer suas produções para um modo de vida peculiar. Mas algo me faz acreditar que, após anos de existência, a emissora afirma, como nunca, sua forma através do seriado Descolados. Não porque seja polêmica (ela já o foi mais ao defender, embora de modo discreto, campanhas pelo voto nulo nas últimas eleições), nem por ter uma linguagem de vanguarda (pois é perfeitamente compreensível, dentro de idéias pré-concebidas de mercado, tal produção), mas justamente por negar-se a entrar em discussões de cunho moral pequeno-burguês. A MTV, talvez possa-se dizer (e sei o risco de dizer isto), promove a etapa posterior ao choque entre o moralismo hipócrita global e o modo de vida de uma parcela do país que encontra-se totalmente dominada pela cultura globalizada.
A cidade de São Paulo, acredito, é a cidade que tem como identidade paradoxal a sua própria falta de identidade. O poder de consumo de parte de sua população (sei que, em muitos aspectos, é uma minoria, mas uma minoria influente) é o poder de atrair para seus domínios tudo o que a transforma na cidade cosmopolita, no olho do furacão globalizante em nosso país. São Paulo é a cidade sem fronteiras, é a porta de entrada para os estrangeirismos temidos no passado (anos 60) mas presentes, sem resistência, atualmente.
A emissora paulistana é feita por gente que se encontra neste olho do furacão, nasceu justamente para promover este movimento, como realização da indústria que alimenta, devido a interesses econômicos, a produção cultural globalizada. Mas o mais importante, ao olhar para ela, é compreender o debate cultural que pode surgir a partir da disparidade entre suas produções e as produções da Rede Globo de Televisão, há anos a maior emissora do país. A parcela pequena da sociedade que cresceu assistindo a MTV é a mesma que cresceu sabendo que a Rede Globo é a emissora que domina todos os índices de audiência na televisão brasileira, é a parcela da sociedade que foi influenciada pela emissora carioca, mas, em contrapartida, também deixou-se influenciar e influenciou a forma da emissora paulistana. O momento do “passo atrás” que a MTV promoveu, na segunda metade dos anos 90, foi essencial para fazer com que grande parte de sua audiência rompesse com os estereótipos globais e aderissem, agora definitivamente, com os seus estereótipos. A geração de descolados estava formada, a decisão consistia em escolher entre Malhação ou Vinte e Poucos Anos (diga-se de passagem, primeiro reality show produzido no país), entre muitas discussões morais, já objetivamente superadas, da emissora carioca ou a afirmação de um modo de vida que refletia, muito mais fielmente, o modo de vida da classe média paulistana e, por que não dizer, brasileira. Talvez, no início do seu “passo atrás”, a MTV ainda carregasse o isolamento de influenciar pouquíssimos lares, mas a emissora não pretende ser de massas, não pretende atingir, a qualquer custo, altíssimos índices de audiência. A MTV, mais do que um fenômeno televisivo que procura influenciar toda e qualquer classe a qualquer custo, é uma emissora que se apega a um projeto de país que desenvolve-se a partir do ingresso, por parte da população, num certo grau de poder de consumo e, mais ainda, a perda de um certo arcaísmo cultural que ainda pode ser observado, mas é menos observado nos jovens da classe média paulistana. Falo de uma classe que cresceu ouvindo rock alternativo dos anos 90 (embrião do que hoje se chama noise music e que rompe com formas e conteúdos viciados da música vendida pela indústria cultural), que aprendeu a rir do sentimentalismo das novelas, que não mais via em apresentadores como Serginho Groisman a representação de sua juventude. A MTV teve como papel fundamental a denúncia de formatos e estereótipos viciados de um Brasil que, talvez ainda e tardiamente, de forma embrionária, já adquire comportamentos que não mais refletem-se nas telenovelas, mas são unicamente negados por elas em forma de uma ideologia que já iniciou, há algum tempo, seu processo de desgaste.
O paradoxo global
A juventude que rompeu com as formas mais arcaicas e rendeu-se aos estereótipos da MTV é, paradoxalmente, fruto da própria Rede Globo. A emissora carioca que, nos anos 60, fez acordos com a ditadura militar e ajudou a promover, ao longo da história, a alienação política e a falta de experiência histórica mais objetiva e consciente da população brasileira, dos pais e avós da “geração MTV”, criou, no país, a falta de apetite pela própria cultura que pudesse remeter a qualquer aspecto mais veraz do que acontecia no país. A atenção das pessoas deveria voltar-se para o que acontecia fora do Brasil, para toda manifestação cultural que apontasse para uma “sofisticação” não encontrada em nossos territtórios. Os pais e avós da geração MTV aprenderam a amar o que vinha de fora, mas ainda encontravam identidade com aquilo que a Rede Globo produzia. O problema para a emissora carioca é que o movimento que ela defendeu, gerações atrás, agora adquire a posição de pólo oposto. O nacionalismo da Rede Globo (que sempre foi o nacionalismo da mentira) nunca defendeu valores culturais brasileiros (seja lá o que isso queira significar). O nacionalismo da Rede Globo, ao ocultar o próprio país através do culto aos estrangeirismos, sempre teve com projeto a modelação do país por meio de suas aberturas culturais, mas sempre mantendo sob controle o comportamento social surgido a partir de tais aberturas: a ideologia das novelas é a imagem do país que a Rede Globo construiu por muito tempo e espera continuar construindo. De modernizante a emissora de Roberto Marinho transformou-se na imagem (se não do retrocesso) da estagnação cultural de nosso país. Sua antítese mais objetiva, a MTV, é a prova de que suas formas lutam contra o próprio progresso econômico de uma classe que se encontra no olho do furacão do sistema econômico, na cidade mais rica e economicamente influente do país. A luta silenciosa travada pela Rede Globo, a favor de seu arcaísmo, pode ser observada na exaltação do Rio de Janeiro, seja nas novelas de Manoel Carlos, seja nos humorísticos Toma Lá da Cá ou no enlatado adolescente, já citado, Malhação.
Mas o que isso tem a ver com a conversa que meus amigos tiveram no bar em Santo André? O bar ao qual me refiro, e como já mencionei, é o ponto de encontro de uma juventude mais descolada da cidade do ABC paulista, região conhecida pelo alto índice de indústrias (em grande parte automobilísticas) e por, devido a grande concentração de operários, frutos da alta industrialização, engendrar, nos anos 80, as grandes agitações políticas desta classe que reivindicava seus direitos trabalhistas. Mas o ABC paulista não é o mesmo. Ele também sofreu a lavagem que a Rede Globo ajudou a produzir e, embora com mais resistência, caiu nas graças do "País Global". Em relação à cidade de São Paulo a região do ABC paulista ainda é uma periferia das manifestações culturais da geração MTV (o bar em Santo André ao qual me refiro não seria tão descolado assim se estivesse situado na Rua Augusta, na cidade de São Paulo), mas já possui, em locais ainda muito isolados, grupos de jovens que já fazem parte do rompimento promovido pela escolha entre a novela da emissora carioca ou o descolamento da emissora paulistana. No dia seguinte ao encontro com meus amigos, no bar que reúne essa parcela da juventude do ABC, onde vi em poucos a empolgação pela vitória brasileira frente à seleção argentina, não pude deixar de pensar na possível dialética ali presente. A juventude entregue ao descolamento nem mesmo empolga-se com um símbolo nacional tão forte como o futebol, parece, a princípio, indiferente aos modismos da novela das oito (ou nove?), parece estar vivendo em outro país, diferente daquele que meus pais ou referências mais velhas vivem. A geração MTV parece estar a frente de seu tempo, mas apenas parece, e aqui o argumento da conversa nos salva de cair em tal interpretação.
A geração MTV está mais presa a seu tempo que a geração Malhação; a geração MTV representa aquilo que a crescente classe média brasileira está se tornando. As relações sociais promovidas pelo capital estão muito mais próximas da aparente amoralidade exposta pelas produções da emissora paulistana do que pela emissora carioca. As discussões colocadas pela Rede Globo de Televisão (discussões já resolvidas pelas suas produções, mas que sempre procuram dar a seus espectadores a sensação de que há de fato uma reflexão, uma liberdade de pensamento) não ocupam objetivamente uma sociedade que já vive, sem refletir, assim como os personagens descolados da trama da MTV, os novos valores do processo plantado, e agora fora de controle, da própria Rede Globo de Televisão. A juventude apenas manifesta de modo mais espontâneo aquilo que seus pais ainda insistem em esconder de si mesmos, refugiando-se nas novelas da emissora carioca.
Não há vanguarda sem crítica
Mas tomemos cuidado com a comparação. Estar a frente de seu tempo, que como vimos aponta para o fato de, na verdade, reconhecer melhor seu próprio tempo, nem sempre é manifestação crítica do presente. O que coloco como positivo neste tipo de manifestação cultural aqui abordada (talvez de forma um pouco confusa) é que ela oferece material para a crítica da sociedade. Em um tempo em que a televisão ocupa grande parte dos lares brasileiros, compreender as relações políticas e culturais existentes entre seus produtos torna-se grande janela para tentar compreender o modo de vida de nossa sociedade. Nos anos 60 o Tropicalismo, enquanto fenômeno estético, soube muito bem lidar com estes produtos e apresentá-los dentro de sua imanente dialética. Compreender o que há de arcaico e moderno, abstraído de seu tempo e preso a ele, manifesta-se como um estar a frente mais consciente do que qualquer outro: ele não se reconhece como síntese que necessita de objetivação (pois antes parece surgir em forma de idéia), mas sim como manifestação objetiva da tensão, ou melhor dizendo, como a própria tensão entre os dois pólos. Se existe algum grupo de artistas ou pensadores de qualquer tipo que, nos dias de hoje, procurem se manifestar, na arte ou na produção intelectual, no que se chamaria aqui de vanguarda (manifestação mais fiel da tensão do real), faz-se necessário que reflexões que partam da sedimentação social (mais uma vez utilizando o termo adorniano), do material das manifestações culturais de nossa realidade não deixe de ser algo buscado. Talvez possamos dizer que, assim como os Tropicalistas no final dos anos 60, este grupo de artistas ou pensadores sejam, de fato, os verdadeiros descolados da sociedade, embora conscientemente presos a ela, de modo animadoramente paradoxal.
8.8.09
Há metafísica bastante em não pensar em nada...
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
_____________________Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
28.7.09
Gripe de gripe

Contem comigo:
POPULAÇÃO MUNDIAL: 6,6 bilhões ou 6 600 000 000
NÚMERO DE MORTOS NO MUNDO PELA TAL GRIPE SUÍNA: 800
Acompanhemos agora as médias dos números de mortes ocorridas por outras causas, somente este ano:
MALÁRIA: 576 607
HIV: 7 300 950
ACIDENTES DE TRÂNSITO: 155 144
TABAGISMO: 1 801 892
PESTICIDAS: 10 812
E ainda:
Média do número de mortes somente este ano: 34 760 000
Média do número de pessoas famintas pelo mundo: 273 750 000
E o pior é que não se fala em outra coisa. O medo é praticamente generalizado. Estou aqui em casa com princípio de pneumonia, mas minha mãe usou como argumento o "perigo da gripe suína" para que eu fosse ao médico (coisa que eu evitei até o último momento). Quanto será que a pneumonia matou este ano? Que medo! É, meus amigos, a mídia é a voz da verdade! É das ondas do rádio, das imagens da TV que o absoluto se faz real, que o mundo é moldado da maneira que alguns bem entendem.
Creio que os detentores do poder devem estar comemorando. Esta farsa é uma das mais bem sucedidas da história! Os motivos? Eu sei lá...
Em tempo: Para uma população de aproximadamente 191.481.045 pessoas, os casos de morte por gripe suína no Brasil não chegam nem a 1%, ficando em 0,01%, por aí. É só consultar os números pelo site do ministério da saúde. O SUS afirma que está pronto para enfrentar a tal gripe! Também, se não estiver pronto nem para isso é melhor mesmo que feche as portas...
FONTES:
http://www.worldometers.info/pt/
http://portal.saude.gov.br/saude/
5.7.09
27.6.09
O Amor e o Poder
Senhoras e senhores, com vocês, "O Amor e o Poder":
A música na sombra,
o ritmo no ar
Um animal que ronda
no véu do luar
Eu saio dos seus olhos
eu rolo pelo chão
Feito um amor que queima
magia negra
Sedução
Como uma deusa
você me mantém
E as coisas que você me diz
Me levam além
Aqui nesse lugar
Não há rainha ou rei
Há uma mulher e um homem
Trocando sonhos fora da lei
Tão perto das lendas,
tão longe do fim
A fim de dividir
no fundo do prazer
o amor e o poder
Palmas para o Sr. Cláudio Rabello que, agora ficamos em dúvida, talvez tenha estudado as teorias de Adorno e Horkheimer. E palmas para a cantora Rosana! Por onde quer que ande...
19.6.09
Marginália II

18.6.09
11.6.09
Não Identificado
Uma canção pra ela
Uma canção singela
Brasileira
Para lançar depois do carnaval
Eu vou fazer
Um iê-iê-iê romântico
Um anticomputador sentimental
Eu vou fazer
Uma canção de amor
Para gravar num disco voador
Uma canção
Dizendo tudo a ela
Que ainda estou sozinho
Apaixonado
Para lançar
No espaço sideral
Minha paixão
Há de brilhar na noite
No céu de uma cidade
Do interior
Como um objeto não identificado
Que ainda estou sozinho
Apaixonado
Como um objeto não identificado
______________Caetano Veloso
31.5.09
Bananas ao Vento!!!

Habermas e os Pragmáticos Universais

Referência Bibliográfica
WIGGERHAUS, ROLF. A Escola de Frankfurt. Trad. Lilyane Deroche-Gurgel e Vera de Azambuja Harvey. Rio de Janeiro: Difel, 2006.
5.2.09
Tudo Que Eu Sempre Sonhei
"Sempre pensei que aconteceria, de criança acreditava nos adultos que era só pagar pra ver.
Feio, meio assim desconfiado, perna em xis, já barrigudo, duvidando que eu conseguisse crescer.
Mesmo assim, contudo, o tempo foi passando e eu fui adiando, mudo, os grandes dias que ia conhecer.
Quem sabe amanhã? Próximo ano? O Cebolinha com seus planos infalíveis ia me ensinar a ser Forte, corajoso, bom de bola, um dos bonitos da escola muito embora eu não fizesse questão.
Ainda bem que eu sou brasileiro, tão teimoso, esperançoso, orgulhoso de ser pentacampeão,
já que se eu fosse americano pegaria uma pistola e a cabeça ia perder a razão:
mataria quinze na escola, estouraria a caixola e apareceria na televisão.
Pois então cresci, de insulto em insulto eu me vi como um adulto, culto, pronto pra o que mesmo? Já nem sei.
Olho e não encontro, penso se não fui um tonto de acreditar no conto do vigário que escutei.
Não tem carro me esperando, não tem mesa reservada, só uma piada sem graça de português.
Não tem vinho nem champanhe ou taça, só um dedo de cachaça e um troco magro todo fim de mês.
Tudo o que eu sempre sonhei.
Tanto que eu consegui...
É tão bom estar aqui...
Quanto ainda está por vir...
Mas bobagem, quanta amargura, aprendi que a vida é dura, agora é pura questão de se acostumar.
Basta ter coragem e finura e o jogo de cintura aprendido dia a dia, bar em bar.
Pra que reclamar se tem conhaque, se na tevê tem um craque e o meu timão só entra pra ganhar?
Pra que imitar Chico Buarque, pra que querer ser um mártir se faz parte do momento se entregar?
E por fim tem até namorada, bonitinha, educada, séria, tudo o que mamãe vive a pedir.
Tem beijinho e também trepada e a consciência pesada a cada nova vontadinha que surgir
de outra mulher, de liberdade, de um amor de verdade, de poder fechar os olhos e sorrir,
pensando que então, dali pra frente, seja qual for tua idade, o melhor ainda vai estar por vir!
Tudo o que eu sempre sonhei.
Tanto que eu consegui...
É tão bom estar aqui...
Quanto ainda está por vir...
Tudo o que eu sempre sonhei.
Tanto que eu consegui...
É tão bom estar aqui...
Quanto ainda está por vir, eu sei."
__________Luiz Venâncio
Ah, o novo álbum dos Pullovers sai em março deste ano!
19.1.09
Escravidão ou fome

13.1.09
Estereótipos e a arte revolucionária
Da garotada
Favelada, suburbana
Classe média marginal
É informática metralha
Sub-uzi equipadinha
Com cartucho musical
De batucada digital...
Marcação pagode, funk
De gatinho marcação
Do samba-lance
Com batuque digital
Na sub-uzi musical
De batucada digital"

Macunaíma, "o herói de nossa gente", aqui em adaptação cinematográfica de Joaquim Pedro de Andrade
A não valoração é reforçada pelo fato de que Macunaíma, ao longo da trama, vai demonstrando sua falta de caráter, sua total falta de comprometimento com as pessoas ou situações que surgem a cada acontecimento. Não há como confiar nas palavras de Macunaíma, assim como não há como confiar nas palavras de um personagem que surge na trama sem apresentações, sem que ao menos se tome conta do porquê de seu discurso em praça pública. Imaculadas, as contradições surgem em vitrine, expondo o real de modo injulgado, sem lógica ou pré-concepções.
Sem nos alongarmos na análise de Macunaíma, apenas procuramos encontrar uma forma mais eficiente que a música Rio 40 Graus, fugindo de juízos já interiorizados através do contato com uma cultura reificada. A principal questão acerca de uma arte revolucionária gira em torno da dúvida sobre como usar os elementos responsáveis pela alienação em contraposição aos elementos que desmascaram esse estado de consciência. Ao passar pelo discurso que molda a ideologia, a arte não se torna eficiente para revolucionar a relação entre indivíduo e mundo, sendo necessária a articulação de elementos dentro de um movimento que negue o discurso valorativo, que torna possível, por exemplo, os estereótipos ditados pela indústria cultural.
A arte revolucionária estaria fora de qualquer caraterização, assim como o herói Macunaíma que não possuía caráter. Segundo Ronald de Carvalho, "é justamente essa ausência de caráter que lhe dá um grande caráter sobre-humano onde se refletem no tumulto de aparente indisciplina as energias elementares"2. É fora da ordem limitadora, deficiente e nociva que a arte encontra o real e sua comunicação. É fora dos estereótipos que perdemos o caráter e encontramos nossa verdadeira ligação com o mundo, talvez desta forma tomando nossa verdadeira condição de seres humanos autônomos e conscientes de nossa parte nas diversas culturas que nos constituem.
1. Andrade, Mário – Macunaíma, Ed. Ática, São Paulo, 2 ed.
2. Extraído de http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=resumos/docs/macunaima em 13 de janeiro de 2009.