5.11.07

Eu odeio dinheiro!

David Alfaro Siqueiros
As vezes acho que as coisas estão desmoronando... As vezes acho que o cara de anos atrás que era contra o sistema e procurava depender o mínimo possível dele está sucumbindo. Calma, ainda sou contra essa merda, mas sinto cada vez mais que não consigo ser feliz sem ter um carro, um canto para morar, sem consumir coisas... É como se eu estivesse com uma doença grave, e soubesse muito bem disso, e odiasse essa doença com todas as minhas forças, mas não conseguisse me curar. Talvez não odeie tanto assim, talvez ache que odeie muito, mas não.
Ontem pensei o dia todo em voltar a ganhar bem, em deixar por um pequeno tempo de lado minha alegria de acordar todos os dias e me dirigir a um trabalho agradável, que me fizesse sentir útil, feliz... E por que não continuo nele? Por que a vida não é só aquelas horas do dia em que faço o que gosto. O dinheiro está muito mais enraizado em nossas vidas que algumas horas de trabalho feliz. O dinheiro nos acompanha por onde quer que andemos. Os meus alunos ficam para trás quando deixo a escola, os muros da escola permanecem por lá, mas o dinheiro... Esse está sempre em volta. Seja nos outdoores, na comida, nos meios de locomoção, nas relações humanas, sempre mediadas pelos objetos do mundo do consumo...
Tente lutar! Tente! Mas se não for forte, se não resistir muito não conseguirá. Chega-se em uma idade em que se olha para trás e começa a medir sua vida pelos bens que acumulou. Eu não queria, não mesmo! Mas o fato é que o mundo te olha assim, as pessoas que você ama, que você respeita ou que dependem de você te olham assim. É difícil porque ao negar tudo isso você entra num emaranhado cada vez maior, cada vez mais profundo. Quando se quer sair é muito complicado.

Não desistirei de ser professor, de prestar um concurso público ou talvez dar aula para os "mais abastados", mas o fato é que no momento não posso mais. Não consigo mais viver sem ser "bom" aos olhos alheios. Os olhos alheios recriam o sistema econômico, a cultura consumista. Eu sou consumista, eu respiro coisas, eu sou uma coisa... Me sinto nauseado, me sinto triste como um drogado que precisa de mais uma dose. Crise de abstinência. O fato é que preciso das pessoas... O máximo de pessoas que eu puder ter.
Não desisti, mas quero ter condições materiais para ser aquilo que sonho. E se falhar em ser aquilo que sonho, ao menos estarei dentro da roda diabólica novamente. Ao menos poderei consumir...
Não sei bem o que estou dizendo, mas sou sincero. Esse blog sou eu...

3 comentários:

Anônimo disse...

Vc é bom aos olhos alheios sem precisar ser consumista, cuidado com os olhos q vc esta vendo, talvez só estreja olhando pra direção contraria....

Beat disse...

Seja apenas você mesmo companheiro, e se você sente a necessidade de baixar a guarda e entrar pro jogo, reflita se é realmente pelas pessoas que te rodeiam ou uma vontade sua mesmo. As pessoas que te amam continuaram te amando você sendo rico ou pobre, professor, andarilho ou empresário. Seja você mesmo porra, só isso!

Corrupt disse...

"Qué moleza? Senta no pudim!"