9.10.05

O bom velhinho vem aí...


O natal está chegando e aquele velhinho gordo vem mais uma vez saber se todos aprenderam o que o sistema e o cristianismo pregaram.
Eu falo de "amor ao próximo" e consumismo. Os pilares da cultura ocidental e que tanto "coisificam nossa sociedade".
Quando falo de "amor ao próximo" (entre aspas mesmo), quero mostrar o termo dentro de toda sua hipocrisia e alienação existentes. Quero mostrar como o natal faz o cristão pensar que apesar de tudo o "amor" existe, que com o décimo terceiro salário renovamos nossas esperanças em um mundo melhor, que aquele homem não foi crucificado em vão e que no mais, tudo o que o Cristo pregou tornou-se simplesmente uma piedade necessária para o ser humano. Piedade... um sentimento tão podre e que transforma o homem na criatura mais impotente do mundo. A piedade que faz as pessoas da foto olharem para o garoto e dizerem "coitado" sem ao menos deixarem de pensar nos presentes e enfeites natalinos...
A piedade cristã que impede o homem de crescer e libertar-se de suas imperfeições... Que o impede de parar de olhar o próximo como alguém que está um andar abaixo ou acima de nós... a piedade que impede o homem de entender que ele é tão grande que não precisa dela. O homem não tem motivos para encontrar-se nesse patamar...
O natal vem acima de tudo para renovar essa cultura decadente e mórbida, vem para prender o homem cada vez mais ao consumismo e ao cristianismo nefasto. Pobres tempos! O mais curioso é perceber que muitos rotulam esta data como "consumista" e "falsa", mas no entanto não questionam o porquê de tudo isso... Que ponto da cultura onde essas pessoas estão inseridas as faz pensar e não pensar ao mesmo tempo? Que ponto dessa cultura prevê a detecção de falhas no sistema, mas logo em seguida coloca um bloqueio para que essa detecção não produza algo novo que possa negar e suprimir esse sistema?
A resposta ainda está na piedade que nesse momento não é direcionada para o próximo enquanto outra pessoa, mas no homem enquanto conjunto. Uma auto-piedade coletiva que nos impede de pensar de fazer algo além de uma simples crítica. Uma piedade que rouba do homem a sua auto-estima e o crucifica junto ao Cristo salvador.
Essa crucificação da humanidade faz do homem o servo de seu bem mais valioso que é concreto e alivia imediatamente essa angústia... o DINHEIRO! Sem saber, o cristão nega a cruz. Mais uma vez o capitalismo triunfa com suas artimanhas. O dinheiro que livra o cristão da cruz e o joga direto para o ópio natalino. Um símbolo da salvação pelo capital... uma das mais perfeitas jogadas da classe dominante...

O bom velhinho vem aí...

Um comentário:

Duarte disse...

Grande dubal!!!
adorei o texto, demais, uma mistura das ideias nietzscheniana com os ideais socialista do grande max. Eu não disse que passaria por aqui? Meu, aquela foto com a criança deitada na calçada com um papai noel gordo de fundo foi bem sacada. Parabens pelo blog!!