13.6.10

Quanta Luz!!!

Ontem, na Praça da Sé, em São Paulo, os Anjos da Noite encontravam-se em meio ao frio cortante do inverno de nossa capital. Estávamos fazendo o que sempre fazemos aos sábados a noite: distribuindo alimentos e cobertores aos moradores de rua.

Um fato que me tocou profundamente diz respeito a uma cena que presenciei. Assim que chegamos à Praça da Sé avistei um grupo de protestantes que fazia uma oração de um jeito bem característico. Em círculo pareciam pedir a Deus e a Jesus que enviassem bênçãos para todas aquelas pessoas que lá se encontravam em condição de rua. Observei que já haviam encerrado a assistência material, distribuindo alguns lanches e café com leite para aquecer aquelas pessoas.

Achei incrível que no meio daquela atmosfera fria e triste que tem a Praça da Sé, principalmente por abrigar, assim como grande parte do Centro de São Paulo, diversos moradores de rua e alguns marginais (vide os casos cotidianos de assaltos a transeuntes do local) o que senti foi, muito mais que algo ruim, uma coisa muito boa, como se aquele local houvesse se tornado um ponto de luz na escuridão da metrópole que nunca para, a metrópole que possui tantos indivíduos que, na pressa do dia-a-dia e no patamar moral em que nos encontramos, mal têm tempo de olharem para além de si mesmos.

Na pressa do momento, trabalhando para tentar atender a todos os necessitados de pão, agasalho e atenção que ali se encontravam, tive tempo de refletir sobre as diferentes interpretações acerca do evangelho do Cristo. Ora, o grupo Anjos da Noite, muito antes de representar qualquer religião (embora possua muitos adeptos espíritas), busca representar a solidariedade por meio do código moral ensinado por Jesus. Diferentemente do grupo de evangélicos ali presentes, temos outras formas de pedir bênçãos, em nome do Mestre querido, para os necessitados que nos surgem. Mas o que me chamou a atenção foi que, mesmo que se interprete ou louve os ensinamentos do Evangelho de forma diferente, seja com orações em alto volume, seja com as luzes apagadas e os olhos fechados, seja com hinos tradicionais, o que está na base daquilo que Jesus veio nos ensinar diz respeito, principalmente, ao amor ao próximo, diz respeito à caridade e solidariedade.

Ali, naquela praça, estávamos todos, em nome de nosso grande Mestre, praticando um pouco do amor que Ele nos ensinou e exerceu, estávamos aprendendo um pouquinho mais sobre o que significa servir ao próximo. Em nome do Mestre amado aquelas pessoas estavam recebendo um pouco daquilo que precisavam, a sua grande caridade foi nos ensinar para que pudéssemos aprender a servir os que viriam em nosso caminho sedentos de ajuda.

No Sermão da Montanha Ele já dizia que não veio para mudar as leis. O que Ele quis dizer com isso? Ora, o Mestre não veio para mudar regras morais que diziam respeito a ideais do bem e da justiça, mas veio para preenchê-las de amor, de uma compreensão mais ampla, que não se prende apenas a exercer o que foi determinado, mas a fazê-lo com sentimento, com a emoção que é combustível do homem no mundo. Sim, o homem busca emoções, mas cada um busca o tipo de emoção que lhe corresponde ao seu respectivo adiantamento moral.

Assim como o Mestre não veio para mudar as palavras escritas em forma de lei, não devemos querer mudar a religião que não corresponde ao nosso credo, não devemos criticar em forma de preconceito a fé alheia. O que devemos fazer, baseando-nos na atitude do Mestre em relação às leis estabelecidas, é procurar pregar que todo credo deve ter como preenchimento o amor ao próximo, independente da interpretação que façam sobre as Escrituras. Protestantes, católicos ou espíritas devem fazer como o Mestre em comum ensinou: não devemos mudar, mas preencher de amor a vida. O pão, o agasalho e o cobertor do evangélico é o mesmo do católico, que é o mesmo do espírita.

Por isso que, naquele momento, na Praça da Sé,  senti aquela sensação tão boa. O grande Mestre estava ali, nas nossas atitudes, nas nossas palavras, em nosso coração. Não mudamos nada no credo do outro, mas, agindo de maneira diferente, paradoxalmente, trabalhamos para o mesmo fim e enchemos aquele ambiente da mais celestial luz. Quantos credos... E quanta Luz!!!

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